Países pobres rejeitam 100 milhões de doses de vacinas perto do vencimento
A OMS classificou como "vergonha moral" dos países desenvolvidos represarem as vacinas e ofertarem aos países pobres imunizantes muito próximos do vencimento
Os países pobres rejeitaram em dezembro cerca de 100 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 que foram doadas com prazo de validade muito curto, informou nesta quinta-feira (13) uma representante do Unicef.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) acusou em diversas oportunidades os países ricos de represarem as vacinas e ofertarem aos países pobres imunizantes muito próximos do vencimento, o que classificou de "vergonha moral".
No final de dezembro, a Nigéria incinerou mais de 1 milhão de doses doadas da vacina AstraZeneca com vida útil muito curta e que perderam a validade antes que pudessem ser usadas.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que tem papel logístico na distribuição de vacinas, os países estão se recusando a receber imunizantes muito próximos do fim da validade.
Em dezembro, "mais de 100 milhões de doses foram rejeitadas", declarou a diretora da divisão de suprimentos do Unicef, Etleva Kadilli, a uma comissão no Parlamento Europeu.
"A maioria das negativas se deve à data de validade", frisou.
Kadilli explicou que os países precisam de doses que possam ser conservadas por algum tempo para poder planejar as campanhas de vacinação e chegar a populações que vivem em áreas de difícil acesso.
Em outubro e em novembro, 15 milhões de doses oferecidas pela União Europeia foram recusadas pelos países pobres. Destas, 75% eram vacinas da AstraZeneca que teriam uma vida útil inferior a dez semanas quando fossem efetivamente entregues.
Em todo o mundo, 9,4 bilhões de doses de vacinas contra a Covid-19 foram administradas, informou hoje o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Contudo, o responsável apontou que mais de 90 países não atingiram a meta de vacinar 40% da população até o fim de 2021.
"Mais de 85% da população africana, ou seja, 1 bilhão de pessoas, ainda não recebeu a primeira dose", destacou Tedros.