Indústria: o que esperar de 2022?
O aparecimento da variante Ômicron da Covid-19 - e de outras que começam a surgir - só nos mostra que ainda é cedo para fazermos certas previsões com relação ao futuro. Embora o mercado projete que, em 2022, viveremos uma estagnação em razão do possível crescimento próximo a zero e da alta da inflação, ainda é tudo muito incerto, tanto quanto a oscilação de uma montanha russa.
Além da Covid-19 e dos recentes casos de Influenza no nosso Estado, que se tornaram um ponto de atenção para o funcionamento da economia, existem questões que precisam ser igualmente destacadas. A primeira é que a inflação vem gerando alguma instabilidade no mercado de matérias-primas e insumos, problema que vem se arrastando desde o começo da pandemia no Brasil.
São produtos que faltam e que, infelizmente, nos inviabilizam de produzir no ritmo necessário para concretizar a recuperação econômica. A inflação chegou aos dois dígitos, o que encarecem, primeiro, os custos dos itens importados e, depois, o preço final para os consumidores.
E não tem nada pior do que reduzir o consumo das famílias, pois essa realidade é responsável por frear o desenvolvimento e a produtividade das nossas empresas. Há ainda outra questão que inibe a força de compra dos brasileiros: o desemprego. Este é capaz de aniquilar qualquer possibilidade de crescimento real da nossa economia.
Em Pernambuco, por exemplo, a taxa de desocupação se configurou como a maior do País. Atualmente, o Estado está com 19,3% da sua população desocupada (população economicamente ativa em busca de emprego) e lidera o ranking dos estados brasileiros com essa mesma problemática, à frente da Bahia (18,7%), do Amapá (17,5%), de Alagoas (17,1%), de Sergipe (17%) e do Rio Grande do Sul (15,9%). Pernambuco está acima também da média do Brasil, atualmente com 12,6% da sua população economicamente ativa sem emprego.
O que nos motiva, por outro lado, é saber que o quantitativo de oportunidades geradas por nosso segmento no ano passado vem repondo o que foi perdido durante o período mais crítico da pandemia. Em razão disso, o saldo de empregos gerados pelo segmento no acumulado de janeiro a novembro de 2021 é de 15.810 empregos. Esse número representa o resultado final entre os admitidos e os demitidos na indústria.
Quando analisado o Produto Interno Bruto (PIB) do setor industrial do Estado, com base dos dados do IBGE, o resultado não é animador no terceiro trimestre de 2021, já que houve uma queda de 3,7%, se comparado ao igual período de 2020. No entanto e apesar dessa retração, no acumulado do ano em questão, o segmento segue a tendência de recuperação e chegou à marca de 7,9% de elevação de janeiro a outubro.
Mesmo sendo o resultado do nosso PIB animador, é preciso que analisemos outras variáveis - que falam muito sobre o cenário ao qual estamos inseridos. Uma delas trata da Produção Industrial. Em 2021, a indústria produziu menos por conta do excesso de estoques e também pela dificuldade de adquirir matéria-prima no mercado, como dito anteriormente. Passaram por isso as indústrias de plástico, de papelão e automotiva. Em Pernambuco, a Produção Industrial Mensal (PIM-PF) de janeiro a outubro do ano passado ficou quase estagnada e atingiu o razoável 0,7%, na comparação com 2020. Esse impasse com as matérias-primas deve nos acompanhar ao longo deste ano, infelizmente.
Penso que não há outro caminho possível de mudar, minimamente, essa realidade que não seja por ações que criem um ambiente de negócio competitivo e favorável ao setor econômico, como, por exemplo, aprovando a reforma tributária e as iniciativas que busquem modernizar e ampliar a infraestrutura, reduzir as burocracias de licenças ambientais e incentivar a implantação de que incentivem as nossas indústrias a exportarem.
Além disso, é urgente que tenhamos uma política estruturada, tanto nacionalmente quanto localmente, voltada ao investimento em tecnologia e inovação.
Com isso, chegamos à constatação de que somente apostando no fortalecimento das nossas empresas é que conquistaremos a tão sonhada recuperação e o crescimento, para que caminhemos, cada vez mais, rumo à direção do desenvolvimento econômico e social.
*Presidente da FIEPE
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