Queiroga diz que Doria faz 'palanque' após SP vacinar primeira criança contra Covid-19 no Brasil
Davi, garoto indígena de 8 anos, recebeu a primeira dose nesta sexta. Estado priorizará público infantil com comorbidade
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), logo depois de o estado iniciar a vacinação de crianças contra a Covid-19 e aparecer ao lado do menino indígena Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, o primeiro a receber a dose pediátrica no Brasil. As declarações foram dadas no Twitter nesta sexta-feira (14).
Davi tem deficiência motora e recebeu a primeira dose do imunizante em um evento simbólico nesta sexta-feira no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Para o cardiologista, o gestor transformou a imunização numa espécie de “palanque” político para alavancar a candidatura presidencial.
Não é a primeira vez que os dois trocam farpas. No fim de dezembro, o ministro criticou o governador por pedido de vacinação de crianças. Já Doria, declarou em junho que Queiroga tinha "recalque" após o cardiologista afirmar que os imunizantes eram distribuídos pelo governo federal.
Doria é pré-candidato à ao Palácio do Planalto pelo PSDB e já entrou em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro, do qual era aliado nas eleições de 2018, em algumas ocasiões. O avanço na imunização em São Paulo pode ser vista como uma vitrine política para o governador. Crítico aos imunizantes, o mandatário já chegou a declarar que não vacinaria a filha, Laura.
Queiroga voltou a rebater críticas de atrasos na vacinação de crianças e afirmou que as doses "chegaram ao Brasil em tempo recorde". O ministério, contudo, só liberou a vacinação do público infantil — como antecipado pelo GLOBO, sem receita médica e com intervalo de oito semanas entre as duas doses — em 5 de janeiro, 20 dias após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar o uso na faita etária de 5 a 11 anos.
O período foi marcado por um imbróglio no governo federal e a pasta decidiu realizar uma consulta à população e uma audiência pública sobre o tema. O primeiro lote de doses pediátricas da Pfizer, com 1,2 milhão de vacinas, desembarcou no Brasil na última quinta. São Paulo, por sua vez, definiu que priorizará crianças com comorbidades.