PT tenta atrair Boulos para chapa em SP, mas PSOL resiste a abrir mão de candidatura
PT e PSOL concordam que uma disputa entre Haddad e Boulos diminui as chances da esquerda romper com a hegemonia do PSDB
O PT tenta atrair para seu palanque em São Paulo o candidato do PSOL ao Palácio dos Bandeirantes, Guilherme Boulos. A proposta é que o líder sem-teto abra mão da disputa em nome do ex-prefeito Fernando Haddad para, em troca, receber o apoio dos petistas na eleição para prefeitura de São Paulo de 2024.
Embora dirigentes do PT e PSOL concordem que uma disputa entre Haddad e Boulos diminua as chances da esquerda romper com a hegemonia do PSDB, que governa o estado desde 1994, a costura encontra dificuldades. O PSOL resiste em abrir mão da candidatura de Boulos.
Numa reunião no final do ano passado, petistas sinalizaram com a possibilidade de acordo, mas não houve resposta. Nos bastidores, psolistas sugerem que o PT tenta aumentar a pressão para que Boulos saia de cena, mas dizem que não há uma garantia de apoio nas eleições municipais.
Outra possibilidade de viabilizar um acordo seria a formação de uma federação entre as duas siglas, o que não é descartado por lideranças das duas legendas.
Presidente estadual do PSOL em São Paulo, João Paulo Rillo, enfatiza que a candidatura de Boulos está mantida, ainda que o partido tenha disposição de conversar com o PT.
"Houve sinalizações do PT. Estamos dispostos a dialogar e tentar uma construção em São Paulo, mas estamos firmes em manter a candidatura do Boulos por ele ser o candidato que encarnaria uma renovação", afirma Rillo.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 18 de dezembro do ano passado, Haddad aparece na liderança da corrida ao governo paulista no cenário em que o ex-governador Geraldo Alckmin, cotado para ser vice de Lula, não é apresentado como candidato. O ex-prefeito tem 28% das intenções de voto, contra 11% de Boulos.
O resultado animou os petistas, que passaram a reafirmar a pré-candidatura de Haddad ao governo paulista. Até então, havia dúvidas sobre o destino do ex-ministro da Educação de Lula, cotado para ser o chefe da Casa Civil em um eventual novo governo ou até candidato ao Senado pelo PT.
Publicamente, os dois pré-candidatos negam qualquer união. Em outubro do ano passado, Haddad disse em um evento do Sindicato dos Hospitais de São Paulo que a aliança entre os dois não estava no horizonte e que ambos tinham programas e perspectivas diferentes. Segundo o entorno de Haddad, o ex-prefeito não tem feito nenhum gesto na direção de Boulos desde então para chegar a um acordo. Procurado pela reportagem, ele não quis comentar o assunto.
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, disse, em nota, que a candidatura de Boulos foi aprovada pelo Congresso Estadual do PSOL em São Paulo e que não há nenhum debate para alterar essa decisão no interior do partido.