Economia

Endividamento das famílias em 2021 atinge o maior patamar em 11 anos, aponta CNC

Pesquisa mostra ainda que a procura por crédito é maior entre brasileiros com renda inferior a 10 salários mínimos

Dinheiro - Marcelo Casal / Agência Brasil

O endividamento das famílias brasileiras chegou a 70,9% em 2021, o maior nível em 11 anos. O nível atingiu patamar mais crítico no final do ano, com 76,3% em dezembro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio nesta terça.

Para famílias de menor renda, com orçamento de até 10 salários mínimos, o endividamento atingiu patamar recorte no último ano, de 72,1%, com aumento de 4,3 pontos percentuais ante 2020. Já para pessoas com renda superior aos 10 salários mínimos, a taxa chega a 66%, porém com aumento mais significativo, de 5,8 p.p..

Em 2021, apenas a região Centro Oeste registrou redução de endividamento familiar, ante 2020, com queda de 0,3 pontos percentuais. Os maiores aumentos foram registrados no Sudeste (5,9 p.p.) e no Sul (5,5 p.p.), que contabiliza a maior quantidade de pessoas contraindo dívidas, 83%.
 

Os números, segundo a CNC, mostram que os brasileiros estão recorrendo mais ao crédito para manter o consumo. Para o presidente do órgão, José Roberto Tadros, entre famílias com orçamento superior a 10 salários mínimos, o endividamento aumentou devido à demanda represada por serviços, e crescimento do uso do cartão de crédito.

"O processo de imunização da população possibilitou a flexibilizaçao da pandemia, refletindo no aumento da circulação de pessoas nas áres comerciais ao longo do ano, o que respondeu à retomada do consumo", afirma.

O crescimento da demanda por crédito, porém, não puxou para cima os números de inadimplência das famílias, que segundo a Peic, registraram leve queda contra 2020, de 0,3 p.p., e fechou 2021 em 25,2%.

O atraso no pagamento de contas ou dívidas seguia tendência de queda até maio de 2021, mas voltou a subir e fechou dezembro em 26,2% do total de famílias, patamar acima da média.

Entre as famílias que declaram não conseguirem pagar contas ou dívidas e, portanto, continuarão inadimplentes, houve contração de 0,6 p.p. entre 2020 e 2021, mas ainda representa um em cada dez brasileiros. O patamar, que oscilou em alta no primeiro semestre, acabou fechando o ano abaixo da média.

Com o indicador de atraso de contas crescendo nos últimos meses do ano passado, a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa, acredita que o cenário deve se sustentar nos primeiros meses de 2022. Ela cita o enfrentamento de cenário adverso, com juros e inflação altos e dificuldade de recuperação do mercado de trabalho formal, aliados ao vencimento de despesas típicas do primeiro trimestre.