Educação

Escolas de Pernambuco se preparam para a volta às aulas

Preparativos para o retorno, que ocorre a partir de 1º de fevereiro, coincidem com a abertura de vacinação para crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19

Erika Simas e o filho Samuel - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

A poucos dias do início do ano letivo, marcado para começar na primeira semana de fevereiro, as escolas públicas e privadas de Pernambuco definem os últimos detalhes necessários para receberem os alunos. 

Os preparativos para a volta às aulas em 2022 coincidem com a abertura da vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos de idade, faixa etária que contempla estudantes do ensino infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, aumentando, assim, a quantidade de alunos aptos a receberem a imunização e, consequentemente, o público vacinado dentro do ambiente escolar.

Alívio com a imunização

O duplo momento (volta às aulas e vacinação) tem sido aguardado e celebrado por pais e profissionais da educação. A professora Erika Simas, mãe de Samuel, de 8 anos, comemorou a vacinação do filho.

“A gente estava bem ansioso, na expectativa, porque todo mundo aqui em casa já está vacinado, com a dose de reforço, e quando chegou a vez de Samuel, a gente ficou muito feliz. E no caso, a preocupação também é porque ele sendo autista, e os autistas de maneira geral têm alguns distúrbios sensoriais, então, por exemplo, para ele é mais difícil ou deixar colocar ou permanecer com a máscara”, comentou.

A interação e a convivência com os colegas da escola, avalia, são essenciais para o desenvolvimento. “Este ano ele volta para o ensino presencial e eu me sinto mais segura com ele vacinado porque é uma proteção a mais. A gente sabe que é uma questão coletiva, então se outras crianças também se vacinam, se ele se vacina, se a maioria das pessoas que circulam ali naquela escola está vacinada, passa uma segurança. E é bom porque ele aprende e convive com outras crianças, isso é importante para o aprendizado dele e para o desenvolvimento dele acontecer”, contou. 

A consultora em diversidade Dayse Rodrigues, mãe de Pierre, de 13 anos, Thierry, de 7, e Sophie, que completa 5 anos em fevereiro, sente alívio ao perceber o progresso da imunização infantil. “Esse avanço da vacinação deixa meu coração de mãe mais aliviado e mais seguro. É um sopro de esperança e a certeza de que melhores dias virão”.

Dayse Rodrigues e os filhos, Pierre, Sophie e Thierry 

O filho mais velho tomou as duas doses da vacina contra a Covid-19 no ano passado e a expectativa, agora, é pela vacinação dos menores.

“Thierry é o mais ansioso, diz que não aguenta mais usar máscara e que quer brincar mais com seus amigos. A preocupação de Sophie é se a vacina vai doer e Pierre, por ser maior, já entende a importância para além das brincadeiras com os amigos e ficou muito feliz por já ter tomado as duas doses. Com certeza, eu me sinto mais segura em voltarem às aulas com o avanço da vacinação”. 

Início na rede estadual

De acordo com o secretário executivo de Gestão da Rede da Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, João Charamba, as escolas estão finalizando os preparativos para receber os estudantes.

“Nós estamos no processo de preparação que normalmente se inicia no final de dezembro e começo de janeiro e já é praxe na rede. Temos uma blitz no quesito infraestrutura, onde nós temos muita coisa para arrumar, para pintar, para organizar. E agora com o advento da pandemia, nós tivemos, por exemplo, a instalação de muitas pias nas nossas escolas, de lavatórios para as mãos em locais como refeitório, nos acessos aos banheiros, nos corredores de salas de aula. Então, foi colocada muita coisa nesse sentido com o objetivo de melhorar e dar segurança”, afirmou.

João Charamba - Foto: Tarciso Augusto/SEE/Divulgação

Todas as turmas das escolas estaduais devem iniciar as aulas no dia 3 de fevereiro e o governo manterá a disponibilidade do modelo híbrido, com aulas transmitidas remotamente. Além disso, há o planejamento de que as escolas funcionem como pontos de vacinação para a sociedade.

“Nós entendemos que essa estratégia motiva a nossa comunidade escolar e faz com que todos queiram se vacinar. Terminamos o ano passado com mais de 93% dos nossos alunos de forma presencial e vamos começar este ano dessa forma. O que nós entendemos é que o ambiente escolar é um ambiente seguro e a vacinação trouxe essa segurança que a gente precisava”.

Retorno na rede municipal do Recife

O secretário de Educação do Recife, Fred Amâncio, reforçou a importância das medidas preventivas. “As escolas vão seguir com o cumprimento de protocolos porque a gente não saiu do contexto de pandemia. Vamos começar o ano ainda com atenção às regras de higiene, como cuidado com as mãos e uso de máscaras”, disse. 

Fred Amâncio - Foto: José Britto/Arquivo Folha PE 

“A gente tinha pensado, no ano passado, em retornar às aulas com 100% dos estudantes já presencialmente nas escolas, porém como estamos ainda no contexto de um volume de casos grandes e passamos pelos casos de gripes, vamos manter, inicialmente, o ensino híbrido, fazendo essa oferta especialmente para os estudantes que não puderem ir para a escola porque eventualmente estão afastados ou estão gripados”. As aulas retornam no dia 4, e a previsão é de que pouco após o início as escolas promovam ciclos de vacinação para a nova faixa etária. 

Os gestores estadual e municipal afirmaram, ainda, que, a princípio, não será exigido comprovante de vacinação, mas que o tema pode ser reavaliado caso haja necessidade. “Nós vimos uma aceitação muito grande da vacinação por parte da comunidade escolar”, comentou Charamba. 

Mais segurança no ambiente escolar

A coordenadora geral do Sindicato de Professores Municipais do Recife, Jaqueline Dornelas, defende a imunização como forma de diminuir os riscos nas escolas. “A gente quer ter vacinação ampla para garantir a segurança da comunidade escolar. Essa expectativa da vacinação das crianças é muito importante para isso também.”

Para José Ricardo Diniz, presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Pernambuco, o avanço da vacinação também é extremamente positivo. “Nós temos a convicção, como educadores que somos, da importância da vacina para o país. Chegamos ao ciclo de crianças de 5 anos 11 anos e isso é bem importante por estamos nos preparando para o início das aulas, no dia 1º de fevereiro, mantendo os protocolos estabelecidos e dando a prioridade para os espaços abertos.” 

Escolas mantêm protocolos de seguranaça e higiene - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Ele explica, ainda, que o propósito das instituições é priorizar o ensino presencial. “Nós entendemos que é muito importante nesse início de ano letivo o ensino presencial porque nós tivemos dois anos de pandemia com muitas lacunas. A questão da convivência no espaço escolar é muito importante para a criança, para o adolescente, não só para o conhecimento mas também para o seu desenvolvimento socioemocional e a sua relação com os outros”, afirmou.

Vânia Cruz - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

A coordenadora do 3ª ao 7º ano do Ensino Fundamental do Colégio Motivo, Vânia Cruz, comenta as ações desenvolvidas na unidade de Casa Forte, no Recife, para o início do ano letivo. “A gente pretende voltar com o presencial. Vamos manter o álcool gel e o uso da máscara também é uma cobrança constante. É uma coisa que é uma continuidade e alunos já estão habituados a isso, virou uma rotina esse protocolo.” 

Colégio Anita Gonçalves foi ponto de vacinação - Foto: Divulgação

Em Paulista, o Colégio Anita Gonçalves também se prepara para o retorno. “Estamos reforçando todos os protocolos sanitários para retomar, mantendo todas as recomendações importantes como o uso obrigatório das máscaras, higienização das mãos, além do distanciamento dos estudantes quando necessário”, destacou a vice-diretora, Nadégida Gonçalves.

Como explica a médica infectologista Amanda Vieira, a vacinação contra a Covid-19 de crianças a partir de cinco anos deve ajudar a tornar o ambiente escolar, e familiar, mais seguro.

Amanda Vieira - Foto: Divulgação

“Diante desse quadro que a gente está vivendo, as crianças eram as mais prejudicadas até o momento porque elas não tinham vacinação e, agora, elas vão poder voltar às aulas com mais segurança, e os pais também. Porque foi disseminado essa informação de que criança normalmente não apresenta quadros graves, mas a gente sabe que o Brasil é um dos países que têm maior mortalidade de crianças secundárias à Covid e as complicações mais duradouras, como a Covid longa e a síndrome inflamatória multissistêmica”, pontuou.