Desenvolvimento

Suape, uma locomotiva em pleno vapor

Com 43 anos de atuação no Estado, Complexo Industrial Portuário de Suape terá pelos próximos cinco anos seis grandes projetos que prometem gerar 17 mil novos postos de trabalho. Atualmente, Complexo já emprega 23 mil pessoas

Complexo Industrial Portuário de Suape - Ed Machado/Folha de Pernambuco

Há 43 anos Pernambuco abriga uma grande locomotiva para o desenvolvimento do Estado. Uma engrenagem que não para e vem crescendo ao passar dos anos. São milhares de pessoas trabalhando nos 13,5 mil hectares do Complexo Industrial Portuário de Suape. Em médio prazo, daqui a cinco anos, o empreendimento planeja gerar mais 17 mil  empregos, entre diretos e indiretos, e alcançar uma movimentação anual de 75 a 80 milhões de toneladas. Suape quer se consolidar como um dos três principais portos nacionais de movimentação, de público e privado.

Essas perspectivas serão possíveis a partir de novos projetos e negócios que vão chegar ao Complexo, com valores altos de investimento. Seis grandes projetos serão os responsáveis por gerar muitos novos empregos e aumentar a movimentação portuária. Atualmente, são 23 mil empregos, entre diretos e indiretos, e uma movimentação de 25 milhões de toneladas por ano. A construção da ferrovia com a empresa Bemisa; a implantação de uma planta de produção de hidrogênio verde; o novo terminal de tancagem de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha; a implantação de um terminal de regaseificação (Regás); a conclusão da segunda unidade da Refinaria Abreu e Lima (Rnest); e a implantação da Blau Farmacêutica serão os novos negócios que vão fazer crescer ainda mais o Complexo.

“Esses empreendimentos todos vão gerar cerca de 17 mil empregos nesse período de médio prazo, de cinco anos. Somados com os 23 mil que temos hoje, serão cerca de 40 mil empregos em Suape. Vamos ter a consolidação de Suape como principal porto do Nordeste, mas principalmente um dos três principais portos nacionais de movimentação, público e privado”, registrou o presidente de Suape, Roberto Gusmão.

Presidente de Suape, Roberto Gusmão. Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

Ferrovia vai sair do papel
Um investimento na ordem de R$ 5,7 bilhões será destinado para a construção de um ramal ferroviário e um terminal de minério de ferro. Uma Medida Provisória deu autorização para que uma empresa pudesse construir o empreendimento, depois que a TLSA, grupo que detém a concessão, sinalizar que não vai concluir o projeto da ferrovia até Suape. Foi quando a empresa Bemisa, que tem carga de minério de ferro no Piauí, credenciou-se para construir uma ferrovia. Será um novo projeto, de 717 quilômetros de extensão, em que a ferrovia vai sair de Curral Novo, no Piauí, até o Porto de Suape.

No momento, para que o projeto seja viabilizado, Suape pediu ao Governo Federal para que a Ilha de Cocaia possa sair da área do Porto Organizado de Suape. Isso significa que a ilha, que fica no complexo de Suape, sairia da administração do governo para passar à própria administração de Suape, o que reduziria os trâmites e burocracias para vários processos. Com isso, a ferrovia chegaria até à ilha, onde poderá ser construído um terminal privado de minério de ferro na área. 

“Devemos ter essa liberação do governo e, em fevereiro, devemos fazer um chamamento público para que a Bemisa possa estabelecer a área da ilha como novo terminal. Assim, eles terão condições de captar investidores para começar os investimentos. A Bemisa tem até quatro anos para iniciar as obras”, explicou Gusmão.

Ilha de Cocaia, em Suape. Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

Produção de hidrogênio verde
Está na estratégia de Suape a implantação de uma planta de hidrogênio verde para a produção independente de energia elétrica a partir de fontes alternativas. Com investimento que pode chegar a US$ 3,8 bilhões, o equivalente a mais de R$ 20 bilhões, o projeto é da empresa Qair Brasil, de origem francesa. Mas Suape não pretende só atrair a indústria para a produção do combustível. “Queremos incentivar o hidrogênio, mas também atrair essa indústria verde para a produção de outros itens, como a amônia, por exemplo, que é um dos ingredientes utilizados por fábricas de biscoitos”, disse Gusmão.

Hub do gás de cozinha
O Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), que é o gás de cozinha, tem um déficit de chegada e distribuição no Nordeste. Atualmente a região conta com estoque de apenas quatro dias. A maior parte do produto é atendida pelo Sul do País e pela Petrobras. Mas um projeto vai mudar esse cenário. Com investimento de R$ 1,2 bilhão, Suape terá um novo terminal de tancagem do gás. A estrutura é uma parceria entre a Nacional Gás, do Grupo Edson Queiroz, e a Liquigás e Copagaz, da Copa Energia. Até 2025 o projeto deve estar pronto. A tancagem que tem hoje em Suape é de 6 mil metros cúbicos, e passará para 90 mil metros cúbicos. “Fizemos um estudo para que Suape possa ser um hub de distribuição do gás no Nordeste. Vamos gerar empregos nas obras e postos de trabalhos permanentes”, contou o presidente de Suape.

Um navio para o gás natural

A implantação do terminal de regaseificação (Regás) vai permitir o maior acesso ao gás natural no Estado. O complexo de Suape está com o projeto de ancorar um navio indústria, chamado de Floating Ship Regaseification Unit (FSRU), que ficará aportado no Cais de Múltiplos Usos (CMU). Apesar do CMU também estar na área do Porto Organizado, Suape tem autorização para trazer o navio temporariamente, até passar pelo processo para ser permanente. O navio indústria ficará estacionado, enquanto os navios comerciais chegarão com o gás em estado líquido. O navio indústria receberá esse gás, transformará ele para o estado gasoso e injetará na malha de distribuição do Estado. Por meio de transportadoras, esse gás também poderá ser levado para outros estados. O projeto tem investimento de R$ 1,5 bilhão.

Cais de Múltiplos Usos (CMU), em Suape, onde ficará o navio indústria. Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

Atualmente, Suape está com um Processo Seletivo Simplificado, com a União, de contrato temporário para que um player possa fazer essa operação por seis meses, como um período de transição. Suape realizará um pregão eletrônico em fevereiro em que será definida a empresa vencedora que vai trazer o navio indústria. Em paralelo está em estudo o modelo para a licitação definitiva, em que a empresa fará a operação durante 25 anos. Quando for definido o modelo licitatório, será também resolvida a questão da retirada do CMU da área do Porto Organizado. “Mais do que o investimento a ser feito, esse projeto trará oferta de gás para todos os polos de desenvolvimento de Pernambuco, como a fruticultura, o polo têxtil e o gesseiro”, ressaltou Roberto Gusmão.

Segunda unidade da Rnest

A Petrobras irá investir US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões) para a conclusão da segunda unidade da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), possibilitando a ampliação da produção de 115 mil para 260 mil barris por dia em 2027. O investimento é referente ao Plano Estratégico para o quinquênio 2022-2026).

Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Complexo de Suape. Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

Indústria farmacêutica

Suape será o local para implantação do projeto de expansão industrial da Blau Farmacêutica no Brasil, uma das principais indústrias de medicamentos hospitalares de alta complexidade da América Latina. A empresa estima um investimento de até R$ 1 bilhão. Suape será utilizado pelo grupo para ser um importante centro de recebimento de insumos e envio de medicamentos através dos navios.