Santa Cruz

Presidente do Santa Cruz não descarta ir à Justiça para conseguir liberação do Arruda

Joaquim Bezerra aponta que a não liberação do estádio foi motivada por um "problema político"

Joaquim Bezerra - Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco
O presidente do Santa Cruz, Joaquim Bezerra, se manifestou, neste domingo (23) sobre a decisão da Polícia Militar de não liberar o Arruda para a estreia do Tricolor no estadual, contra o Afogados. Bezerra, no entanto, enxerga que há um "problema político" na decisão e que "faltou boa vontade para que houvesse a liberação do estádio".
 
Ainda de acordo com ele, na próxima semana, estará reunido com a "Polícia Militar e com qualquer outro órgão que seja necessário para a liberação do estádio". “Nós precisamos, numa conversa franca e aberta, pedindo auxílio da própria Polícia Militar, para que nos indique quais são as prioridades, para que a gente possa de imediato ter o estádio reaberto para o público", disse. 
 
Caso essa estratégia não resolva o problema, o presidente não descarta ir à Justiça.  "Porque se a gente não conseguir chegar num consenso sobre isso, a única forma que a gente vai ter que recorrer para resguardar os direitos do Santa Cruz é ajuizar uma ação. E acho que esse caminho de ajuizar uma ação não é bom para ninguém. Não é bom para a Polícia, para os demais órgãos do Governo, e nem mesmo para o Santa Cruz. Mas nós não vamos abrir mão do nosso direito de jogar na nossa casa, com o nosso público", sublinhou. 
 
Em um laudo do Batalhão de Choque é sinalizado que o Santa não cumpriu cinco exigências necessárias para a realização da partida e por esse motivo o jogo foi adiado. O mandatário do Santa questiona o desfecho dado ao caso. "Acho estranho um estádio que comporta 60 mil pessoas não poder receber um público de três mil. O que não posso admitir é jogar sem torcida. Ou então transferir o jogo para uma casa que não é a nossa, a Arena. Aí vamos brigar incessantemente para que os direitos dos torcedores e do Santa Cruz sejam respeitados", afirmou Joaquim Bezerra, em entrevista à Rádio Clube.
 
 
Ele também frisou que o Santa já havia feito as adequações pedidas pelo Corpo de Bombeiros. "O Bombeiros fez um primeiro laudo do Arruda e reprovou. Nós pedimos para que o Bombeiros fosse novamente lá. O Bombeiros foi e aprovou o laudo com restrição. Ao invés de liberar a capacidade de 60 mil pessoas, liberou para 40 mil. E pediu que algumas adequações fossem feitas no estádio", disse, acrescentando que esse laudo foi protocolado junto à PM.
 
"Na sexta-feira uma segunda vistoria foi feita. E o oficial que foi lá ficou procurando tudo que era defeito para realmente reprovar as instalações do Santa Cruz. Nós estamos falando num público de três mil pessoas. Qualquer lugar que fosse aberto no estádio, seja a arquibancada do escudo, atrás da barra, comportaria um público de três mil. O que a gente entende é que faltou boa vontade para que houvesse a liberação do estádio", reclamou Joaquim Bezerra. 
 
Problema político
O presidente do Santa Cruz ainda afirmou que está acontecendo um problema político que interferiu na decisão tomada pela PM e culminou no adiamento da partida. "Outra exigência da é que para um público de três mil pessoas nós tivéssemos 160 seguranças. Ora, se nós colocarmos 160 seguranças, só o valor dos seguranças vai representar mais de 60% da renda se vendesse todos ingressos a R$ 50. O que não pode é ficar no meio de um problema político que está ocorrendo", pontuou. 
 
Adiamento benéfico
O presidente destacou que o adiamento não foi negativo para o Santa. "Temos dois motivos básicos. Fazer o jogo sem público não iria contemplar os torcedores, os patrocinadores e o fornecedor de material esportivo, a Volt. Nós precisamos do jogo com público no Arruda para que a loja da Cobra Coral venda no pré-jogo, venda no pós-jogo. Precisamos de uma arrecadação maior, porque a renda do jogo é toda revertida para o pagamento de jogadores e funcionários, e demais despesas de funcionamento do clube. Então, fazer jogo sem público nós já passamos dois anos. E o sofrimento está muito grande. O Santa Cruz não aguenta mais fazer jogo sem público", afirmou. 
 
"Nós precisamos preservar o nosso direito de fazer o jogo na nossa casa. O Arruda é a casa dos nossos torcedores, a casa do Santa Cruz. Com a postergação desse jogo para fevereiro, esperamos que as medidas sanitárias que estão restringindo público já tenham se flexibilizado e aumentado a capacidade de pessoas no estádio. Com isso, nós teremos um faturamento maior, seja do ponto de vista da Loja Cobra Coral, e principalmente das bilheterias", complementou. 
 
Ele afirmou ainda que "não existe prejuízo financeiro algum no adiamento desse jogo". "O que existe é uma quebra de expectativa do torcedor, que está há muito tempo sem ver o seu time jogar. Mas tudo isso foi combinado, discutido e aprovado pela diretoria de futebol, pela comissão técnica e pelas demais diretorias do clube. Então, nós entendemos que, para uma preservação do Santa Cruz, da sua marca e da sua imagem, e dos seus recursos, sejam patrimoniais e financeiros, o adiamento do jogo não foi prejudicial ao Santa Cruz", disse Bezerra. 
 
Arena descartada
O mandatário ainda disse que jogar na Arena de Pernambuco, sobretudo com restrições de público impostas pelo Governo por conta da pandemia, é inviável. "Levar o jogo para a Arena, com 3 mil torcedores, não existe condição de se obter resultado, porque os custos são elevadíssimos. Além disso, você não estaria contemplando o fornecedor de materiais e produtos do Santa Cruz, e muito menos os patrocinadores do clube", disse.