CLOROQUINA

Após Ministério defender cloroquina, Queiroga reforça que remédio não tem comprovação científica

Marcelo Queiroga admitiu que ainda não há comprovação científica da eficácia do remédio contra a doença

Marcelo Queiroga, ministro da saúde - Valter Campanato/Agência Brasil

Dias após um secretário do Ministério da Saúde publicar uma nota técnica defendendo o uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19, o ministro Marcelo Queiroga admitiu que ainda não há comprovação científica da eficácia do remédio contra a doença.

"Essas medicações foram utilizadas no começo da pandemia e, na época, o uso era chamado uso compassivo. Posteriormente se viu que essas medicações, o uso não era mais aplicável e foi testada em outros contextos. Essas medicações, inclusive eu já falei, são medicações cuja evidência científica da sua eficácia ainda não está comprovada", disse o ministro em entrevista à TV Brasil.

No último sábado, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, afirmou em uma nota técnica que vacinas contra a Covid-19 não têm efetividade nem segurança demonstradas, mas que a hidroxicloroquina tem. A afirmação contraria posição da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos especialistas.
 

Após assumir o cargo, Marcelo Queiroga indicou um grupo na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Únido de Caúde (Conitec) para analisar a utilização do chamado "kit Covid", ou tratamento precoce, em pacientes que não estão internados.

Na nota técnica, o secretário faz diversas críticas ao protocolo aprovado pela Conitec. Uma delas é que teria havido uma "assimetria no rigor científico dedicado a diferentes tecnologias". Para ele, "a hidroxicloroquina sofreu avaliação mais rigorosa do que aquela feita com tecnologias diferentes".

O grupo de especialistas agora deverá apresentar um recurso ao ministério para que Queiroga possa rever a decisão de Angotti. Na entrevista, Queiroga criticou a oposição entre vacinas e o tratamento e afirmou que "fatos falam mais que narrativas".

"Essa confusão que se quer criar entre vacina e cloroquina é absolutamente descabida porque a decisão da Conitec, sem analisar o mérito da decisão, que não era uma decisão, era uma argumentação à decisão do secretario, era sobre tratamentro. Vacina não é tratamento, é prevenção primária", afirmou.