Economia

Petróleo segue em alta no exterior e Brent se aproxima dos US$ 91, com crise entre Rússia e Ucrânia

Commodity sobe mesmo com indicação do banco central americano de que elevação das taxas básicas de juros no país se aproxima

Petróleo - AFP

Os preços do petróleo negociados no exterior seguem a trajetória de alta nesta quinta-feira. Os agentes de mercado continuam monitorando com apreensão o acirramento das tensões entre Rússia e Ucrânia e seus possíveis efeitos para a oferta da commodity, em um cenário de demanda aquecida.

As altas ocorrem mesmo com a indicação do Federal Reserve, banco central americano, de que a elevação nas taxas de juros básicos do país deve ocorrer já em março.

Os contratos do Brent já são negociados próximos aos US$ 91, após atingirem o valor mais alto em quase oito anos na véspera. Os preços do tipo WTI também atingiram seu maior patamar desde 2014.
 

Por volta de 10h30, no horário de Brasília, o preço do contrato para março do petróleo tipo Brent subia 0,69%, negociado a US$ 90,58, o barril.

Já o contrato para o mesmo mês do tipo WTI avançava 0,65%, cotado a US$ 87,92, o barril.

"A crise na Ucrânia está impedindo uma queda mais pronunciada nos preços, pois permanecem as preocupações de que as entregas russas de petróleo e gás possam ser prejudicadas no caso de uma escalada militar", destacou o Commerzbank.

Os operadores do mercado temem que uma possível invasão militar da Rússia à Ucrânia tenha o potencial de interromper o fornecimento de energia. A Rússia é um dos importantes players tanto no mercado de petróleo quanto de gás natural, produto que também viu seus preços dispararem nas últimas semanas.

Moscou negou que planeja invadir o país vizinho, mas o Citigroup afirmou que um aumento na volatilidade dos preços da commodity é um sinal de que o mercado está precificando um prêmio de risco político maior, potencialmente de pelo menos US$ 5, o barril.

Um porta-voz do Kremlin afirmou nesta quinta-feira que "não há muitos motivos para ter otimismo" de que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) irão atender às exigências da Rússia no impasse.

Ele disse, porém, que o presidente Vladimir Putin analisará as respostas escritas que o governo americano e a aliança militar lhe apresentaram na quarta-feira antes de decidir como proceder.

No mês passado, a Rússia tornou pública uma lista de exigências para o fim da crise envolvendo a Ucrânia. Na quarta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, confirmou a entrega das respostas por escrito dos EUA.

Sem revelar detalhes sobre as respostas, para "não atrapalhar as negociações", Blinken afirmou que todas foram dadas "em coordenação com a Ucrânia e aliados", e que, agora, cabe à Rússia decidir como agir.

O petróleo já vinha com trajetória de alta no final do ano passado e nas primeiras semanas de 2022, com o aumento da demanda do consumo de energia em meio a um cenário de retomada da atividade econômica no pós-pandemia.

Instituições financeiras, como o Goldamn Sachs, já estimam que o preço do barril deva chegar no patamar de US$ 100 até o fim do ano.

Com a demanda global chegando mais forte do que o esperado e as crescentes preocupações sobre o quanto mais os países aumentarão a produção, os estoques em alguns centros importantes estão diminuindo no início do ano.

Os estoques no principal centro de armazenamento dos EUA em Cushing caíram novamente na semana passada para atingir o nível mais baixo para esta época do ano em uma década.

Ao mesmo tempo, o consumo semanal de derivados de petróleo está em seu nível mais alto para a época do ano em pelo menos 30 anos, impulsionado em parte por uma onda de clima frio nos EUA

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), grupo que inclui a Rússia, terão nova chance de avaliar o cenário da commodiy quando se reunirem na próxima semana. A coalizão provavelmente aprovará um aumento de 400.mil barris por dia para março, segundo a agência Bloomberg.