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Preço do petróleo inverte tendência e cai apesar de crise entre Rússia e Ucrânia

Analistas avaliam que indicação da alta de juros pelo Fed pode frear demanda pela commodity

Petróleo - AFP

Depois de abrirem em alta, os preços do petróleo negociados no exterior operavam em queda nesta quinta-feira. Na véspera, chegaram a atingir maior alta em oito anos. Os agentes de mercado continuam monitorando com apreensão o acirramento das tensões entre Rússia e Ucrânia e seus possíveis efeitos para a oferta da commodity, em um cenário de demanda aquecida.

No entanto, a indicação do Federal Reserve ontem de que deve elevar a taxa de juros fez alguns especialistas reverem cenários de demanda da commodity. Com a elevação da taxa, a tendência é que o ritmo da economia desacelere, freando a alta da demanda por energia.

Os juros básicos americanos devem subir já em março.

Por volta de 14h40, no horário de Brasília, o preço do barril no contrato para março do petróleo tipo Brent tinha baixa de 0,53% negociado a US$ 89,48, após já ter operado acima dos US$ 90 no pregão.

Já o contrato para o mesmo mês do tipo WTI cedia 0,65%, cotado a US$ 86,78, o barril.

"A crise na Ucrânia está impedindo uma queda mais pronunciada nos preços, pois permanecem as preocupações de que as entregas russas de petróleo e gás possam ser prejudicadas no caso de uma escalada militar", destacou o Commerzbank.

Os operadores do mercado temem que uma possível invasão militar da Rússia à Ucrânia tenha o potencial de interromper o fornecimento de energia. A Rússia é um dos importantes players tanto no mercado de petróleo quanto de gás natural, produto que também viu seus preços dispararem nas últimas semanas.

Moscou negou que planeja invadir o país vizinho, mas o Citigroup afirmou que um aumento na volatilidade dos preços da commodity é um sinal de que o mercado está precificando um prêmio de risco político maior, potencialmente de pelo menos US$ 5, o barril.
 

Um porta-voz do Kremlin afirmou nesta quinta-feira que "não há muitos motivos para ter otimismo" de que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) irão atender às exigências da Rússia no impasse.

Ele disse, porém, que o presidente Vladimir Putin analisará as respostas escritas que o governo americano e a aliança militar lhe apresentaram na quarta-feira antes de decidir como proceder.

No mês passado, a Rússia tornou pública uma lista de exigências para o fim da crise envolvendo a Ucrânia. Na quarta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, confirmou a entrega das respostas por escrito dos EUA.

Sem revelar detalhes sobre as respostas, para "não atrapalhar as negociações", Blinken afirmou que todas foram dadas "em coordenação com a Ucrânia e aliados", e que, agora, cabe à Rússia decidir como agir.

O petróleo já vinha com trajetória de alta no final do ano passado e nas primeiras semanas de 2022, com o aumento da demanda do consumo de energia em meio a um cenário de retomada da atividade econômica no pós-pandemia.

Instituições financeiras, como o Goldamn Sachs, já estimam que o preço do barril deva chegar no patamar de US$ 100 até o fim do ano.

Com a demanda global chegando mais forte do que o esperado e as crescentes preocupações sobre o quanto mais os países aumentarão a produção, os estoques em alguns centros importantes estão diminuindo no início do ano.

Os estoques no principal centro de armazenamento dos EUA em Cushing caíram novamente na semana passada para atingir o nível mais baixo para esta época do ano em uma década.

Ao mesmo tempo, o consumo semanal de derivados de petróleo está em seu nível mais alto para a época do ano em pelo menos 30 anos, impulsionado em parte por uma onda de clima frio nos EUA

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), grupo que inclui a Rússia, terão nova chance de avaliar o cenário da commodiy quando se reunirem na próxima semana. A coalizão provavelmente aprovará um aumento de 400.mil barris por dia para março, segundo a agência Bloomberg.