Música

'Menina Mulher': com primeiro álbum, Agnes Nunes marca sua transição para a vida adulta

Nascida na Bahia e criada na Paraíba, cantora se prepara para estrear também como atriz em série da Netflix

Agnes Nunes - Lucas Nogueira/Divulgação

Agnes Nunes despontou nacionalmente no meio musical como tantos outros fenômenos jovens da internet. Com apenas 16 anos de idade, publicava vídeos cantando covers de músicas de sucesso, que passaram a ser curtidos e compartilhados por nomes como Lázaro Ramos, Caetano Veloso e Alok. Agora, aos 19, vive uma fase de amadurecimento pessoal e artístico, demarcada pelo lançamento do seu primeiro álbum de carreira, “Menina Mulher”, que chega nesta sexta-feira (28) às principais plataformas de streaming. 

O sucesso fez a baiana criada na Paraíba gravar alguns singles, parcerias com o rapper Xamã e o cantor Tiago Iorc, e o EP “Romaria”, mas há dois anos ela vem empenhando esforços na construção de um disco de carreira. Como o próprio título sugere, o trabalho aborda a passagem da adolescência para a vida adulta, com todos os desafios e percalços que isso envolve. 

“É um álbum muito pessoal, justamente por acompanhar esse meu momento de transição. Então, coloco muitos sentimentos que eu não conseguiria expressar falando, só cantando mesmo”, revela a artista à Folha de Pernambuco, em entrevista realizada por videoconferência. No total, são dez faixas, quase todas autorais, trazendo uma diversidade de sonoridades que é própria da trajetória de Agnes. “Eu bebo em muitas fontes. Os gêneros predominantes são R&B e MPB, mas também tem um pouco de bossa e samba. É um trabalho bem braisileiro, mas com alguma influência americana também”, detalha. 
 


Se desconectar para criar

Querendo mergulhar de cabeça na preparação do disco, Agnes decidiu se afastar do ritmo caótico da “cidade grande”. Durante a finalização do projeto, no ano passado, se isolou em Barra Grande, no litoral sul da Bahia, onde montou um estúdio. “Precisei me desconectar do resto do mundo para me conectar com o que é real. Lá eu vivi muito o pé no chão, o olho no olho com as pessoas, e isso foi fundamental”, comenta. Distribuído pelo selo Bagua Records, o projeto contou com NeoBeats e Alexandre Kassin como produtores. 

Das canções presentes no disco, três já são conhecidas pelo público e contam com videoclipes: “Vish”, “Última Dança” e “Cabelo Bagunçado”. Juntos com o lançamento do álbum completo, Agnes divulga também, a partir das 12h desta sexta-feira (28), o clipe de “Papel Crepom”, única faixa não autoral da obra, composição do rapper Túlio Deck. Além de uma breve introdução, o trabalho traz as músicas inéditas “Oração”, “Mais Sincero”, “Amanhecer”, “Grinalda” e a faixa-título “Menina Mulher”. 

Bahia, Paraíba, Rio

Agnes Nunes nasceu em Feira de Santana, na Bahia, mas se mudou para a Paraíba com apenas nove meses. Passou a infância no Sertão, nas cidades de Sousa e Jericó, e parte da adolescência em Campina Grande. A carreira a fez tomar os rumos do Sudeste, fixando residência primeiro no Rio de Janeiro e, depois, em São Paulo. Os familiares ficaram no Nordeste e, embora sinta que o mundo é a sua casa, a cantora diz não esquecer das suas raízes. 

“A Paraíba eu levo para onde eu for, no meu sotaque, na minha música, andando sempre com uma cuscuzeira debaixo do braço. O que mais sinto falta é de ficar em casa com a minha família, sem fazer nada, só me balançando numa rede e ouvindo um forrozinho. Ah! E do São João. Acho que a pior coisa do mundo para o Nordestino é passar o São João longe da sua terra”, lamenta. 

A saudade, no entanto, não faz Agnes deixar de focar nos seus projetos. No final do ano passado, ela estrelou uma série documental do YouTube Originals, batizada de “Abre Alas”, em que ela entrevistou outras artistas negras, como Elza Soares, Liniker e Margareth Menezes. Essas mulheres ocupam no imaginário da cantora o mesmo lugar de referência que hoje ela representa para garotas da sua idade ou ainda mais jovens. 

“É uma responsabilidade muito grande, de verdade, mas também é gratificante. Recebo 500 mil mensagens por dia, algumas boas e outras ruins, mas a maioria é dizendo que eu dei forças para as pessoas não desistirem. Que lindo. Daí eu só agradeço. Obrigada, meu Deus, por ser nordestina, mulher e negra. Fico muito feliz por ser quem eu sou e inspirar tanta gente”, revela. 

A entrega como atriz

Por enquanto, em função da pandemia, a agenda de Agnes ainda não conta com shows marcados no Brasil. Uma turnê pela Europa já está agendada, mas a grande novidade de 2022 será a estreia da artista como atriz. Ela interpretará uma das personagens centrais de “Só Se For Por Amor”, nova série da Netflix que tem o universo do sertanejo sofrência como pano de fundo. Também fará uma participação em “Tá Tudo Certo”, produção da Disney +. A cantora confessa que relutou um pouco antes de resolver se dedicar também à atuação.

“O primeiro convite que eu recebi para trabalhar como atriz demorei dois anos para aceitar. O idealizador da série da Netflix chegou a ir na minha casa e disse que não desistiria de mim. Uma hora o meu coração abriu e eu disse: ‘Então, vamos ver qual é a desse negócio’. Foi muito mágico fazer essa entrega de corpo e alma para a Eva, que é a minha personagem. Ela tem um pouco de mim e eu tenho um pouco dela. Estou muito ansiosa para que estreie logo”, adiantou.