Em dia de depoimento na PF, Bolsonaro reclama de 'interferências no Executivo' e AGU analisa recurso
A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério da Justiça avaliam apresentar um recurso para que o presidente não tenha que depor
O presidente Jair Bolsonaro reclamou nesta sexta-feira de "interferências no Executivo", sem especificar a que se referia. A declaração ocorreu pela manhã, poucas horas antes da agenda marcada às 14h pelo ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para Bolsonaro prestar depoimento na Polícia Federal (PF) em um inquérito no qual é investigado.
A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério da Justiça avaliam apresentar um recurso para que o presidente não tenha que depor. Interlocutores do governo dizem que a missão é tentar um caminho para evitar o depoimento, sem "traumas" para ambos os lados.
Bolsonaro participou na manhã desta sexta de uma cerimônia no Palácio do Planalto. Em seu discurso, não citou a decisão de Moraes de marcar o depoimento. Entretanto, disse que seu governo já sofreu "as mais variadas possíveis" interferências.
"Enfrentamos também outras atribulações. Interferências no Executivo, as mais variadas possíveis. Sempre, da nossa parte, jogando com aquilo que nós temos e aquilo que nós juramos respeitar por ocasião da nossa posse, a nossa Constituição", discursou o presidente, ,em evento de lançamento do Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário.
No final da tarde de quinta-feira, Moraes determinou que Bolsonaro compareça pessoalmente à Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal nesta sexta, às 14h, para prestar depoimento sobre suspeita de vazamento de documentos sigilosos de uma investigação da PF.
Segundo o GLOBO apurou, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, conversaram com Bolsonaro nesta manhã no Planalto. A ideia é apresentar um pedido ao STF para que Bolsonaro não precise comparecer.
Na quinta-feira, antes da decisão de Moraes, Bolsonaro estava determinado a não prestar depoimento. A AGU já havia solicitado que o presidente fosse dispensado de comparecer, mas o ministro determinou que a oitiva deveria ocorrer nesta sexta. No ano passado, Bolsonaro apresentou um pedido de impeachment contra Moraes e ameaçou não cumprir decisões do ministro.
A ala política do governo tenta evitar a tensão entre Poderes. Na cerimônia no Planalto, o presidente do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, ficou no palco ao lado de Bolsonaro e outros ministros. Valdemar é um dos aliados do presidente que o aconselham a moderar seu discurso, para evitar prejuízos eleitorais.