RIO DE JANEIRO

Militar preso por matar idoso espancou vítima por 5 minutos, mesmo após ela cair, diz polícia

A informação foi dada por testemunhas à Polícia Civil

O subtenente do Exército Clodoaldo Oliveira da Silva Clementino, de 42 anos, foi encontrado em casa, em Bangu - Reprodução

O subtenente do Exército Clodoaldo Oliveira da Silva Clementino, de 42 anos, preso neste domingo pelo homicídio de Joaquim Luiz Antunes Moço, de 60, teria espancado o idoso com um porrete de madeira por cinco minutos, mesmo após a vítima já ter caído no chão. A informação foi dada por testemunhas à Polícia Civil.

"Mesmo depois de ele estar ao solo, continuou sendo agredido por mais de cinco minutos. Uma testemunha ouviu uma gritaria, viu o que era e voltou a deitar. Depois, disse que houve um silêncio o barulho de uma pessoa caindo no chão. A testemunha contou que se levantou e viu Clodoaldo agredindo o idoso no chão. Ele vai responder por homicídio consumado triplamente qualificado (de modo cruel, sem possibilidade da vítima se defender e por motivo fútil)", afirmou a delegada Ana Lucia da Costa Barros, adjunta da 34ª DP (Bangu).

Segundo a polícia, Joaquim estaria alcoolizado, e na madrugada do último dia 23, teria errado o endereço ao tentar entrar em casa, na Rua Hamilton Viana, em Bangu. Ele, então, passou a bater e a gritar na casa do militar. Irritado, Clodoaldo saiu da residência e teria xingado a vítima, que continuou batendo no portão. Ainda segundo a polícia, o subtenente “pegou um porrete e começou a espancar o idoso por vários minutos até deixá-lo caído no chão da rua”. Segundo os investigadores, foram os vizinhos que viram as agressões e chamaram o Samu, que socorreu a vítima.

 

— Segundo a testemunha, dava para ouvir o autor gritando antes de sair: "Preciso dormir, vou trabalhar amanhã. Vai continuar? Vou te arrebentar — contou a delegada, ressaltando a dificuldade de conseguir testemunhas que falassem sobre o fato: — Tivemos muita dificuldade de arrumar testemunhas presenciais porque todos demonstravam ter muito medo do autor, por ele ser fechado, não falar com ninguém. Na sexta, conseguimos convencer uma testemunha da importância do relato dela para  a investigação e a prisão.

Joaquim foi socorrido para o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon. Teve alta no domingo, mas, devido a um sangramento na mão e ao fato de estar muito debilitado, foi novamente hospitalizado, mas no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. Ele morreu na última sexta-feira, dia 28. Em nota, a Secretaria municipal de Saúde confirmou que o idoso deu entrada na unidade com relato de agressão física. Durante a internação, o idoso "passou por duas tomografias de crânio e permaneceu em vigilância neurológica". O  corpo foi encaminhado para o Instituto Médico-Legal (IML) para exames sobre a causa da morte.

A irmã de Joaquim, a auxiliar administrativo Cátia Duhou Moço Braz, de 51 anos, contou que Clodoaldo era considerado um vizinho problemático pelos moradores do local: "Meu irmão morava no quarto andar e o Clodoaldo no primeiro. Ele (Clodoaldo) fez o prédio independente dele. Dizem que era um vizinho problemático. Meu irmão, bêbado, em vez de bater no portão dele, bateu no do Clodoaldo. Começou a socar, socar, socar. Ele veio com pau e meteu o pau nele. Descobrimos que ele (Clodoaldo) teve problema até com vizinho da ciclovia em Bangu."

Cátia disse que se sente aliviada pela prisão do militar, mas que a família também pretende processá-lo: "Foi uma covardia. (Espero) que ele pague pelo que fez. Não é justo. O cara não é um qualquer. Se fosse um Zé Ninguém, mas é um subtenente. Sabe a conduta dele, como tem que se portar. Vamos processar. Só estou vendo um advogado. Meu coração vai ficar mais aliviado ainda se a Justiça for feita."

Joaquim era o mais velho de três irmãos. Ele morava sozinho em Bangu e tinha uma filha de 28 anos. De acordo com as investigações, Clodoaldo Oliveira está no Exército há mais de 20 anos e, atualmente, trabalha na parte administrativa do Hospital Central do Exército (HCE), em Benfica, na Zona Norte do Rio. Clodoaldo foi encontrado pela Polícia Civil em casa, na Rua Hamilton Viana, e não resistiu. Ele foi preso após um mandado de prisão temporária ser expedido pelo plantão judiciário.

Na delegacia, o homem se recusou a prestar depoimento e disse que "só vai falar em juízo”. Pouco depois das 9h, ele foi levado por policiais do Exército para a Companhia de Comando da 1ª Divisão do Exército, antiga Polícia do Exército (PE) da Vila Militar, na Zona Oeste do Rio.

Ao Extra, por meio de nota, o Comando Militar do Leste (CML) diz que "permanece cooperando com as autoridades que conduzem a investigação para elucidação dos fatos" e que Clementino está à disposição da Justiça. O comunicado ainda destaca "que o Exército Brasileiro não compactua com qualquer tipo de conduta ilícita por parte de seus integrantes, repudiando veementemente atitudes e comportamentos em conflito com a lei, com os valores militares e/ou com a ética castrense". A defesa do subtenente não foi localizada.