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'Nunca vimos, desde a proclamação da República, um presidente tão subserviente', diz Lula

Petista critica elaboração do orçamento secreto e relação do Executivo com o Legislativo

Lula - Ricardo Stuckert/Divulgação

Em seminário promovido pelo PT nesta segunda-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a relação do governo Jair Bolsonaro com o Congresso e a elaboração do chamado orçamento secreto. Em discurso por videoconferência, o petista disse que Bolsonaro era “subserviente” aos interesses dos parlamentares.

Em 2022, os congressistas terão cerca de R$ 16 bilhões para gastar com emendas de relator, instrumento turbinado nos últimos anos. Essas emendas, que formaram o orçamento secreto, chegaram a ser barradas pelo Supremo Tribunal Federal por falta de transparência.

O expediente serviu para angariar apoio da base e garantir o envio de recursos às bases eleitorais. Sem critérios claros e objetivos, as emendas foram usadas como moeda política.

— Nunca vimos, desde a proclamação da República, um presidente tão subserviente, tão submisso aos partidos que lhe sustentam. Nem o Orçamento da União ele faz. Quem faz é a Comissão de Orçamento da Câmara, e o relator tem um poder maior que o ministro da Economia porque decide o que vai ser gasto pelo Executivo e qual é a quantia que vai ser gasta pelo Congresso Nacional — disse Lula.

O ex-presidente também tratou da falta de transparência.

— Criaram o orçamento secreto que é tão secreto que não podemos nem saber o nome de quem recebe uma emenda. Não pode ser coisa boa porque, se fosse, não seria secreto — completou.

O seminário “Resistência, Travessia e Esperança" também contou com a presença da ex-presidente Dilma Rousseff. Assim como Lula, ela ressaltou a importância de o partido focar na eleição de deputados e senadores para que haja sustentação a um possível governo do PT.

— Precisamos convencer o povo brasileiro de que não basta eleger o presidente da República, é preciso eleger um Congresso Nacional progressista, com mais senadores e senadoras, mais deputados e deputadas comprometidos com os trabalhadores, para que a gente possa, então, realizar o nosso sonho de ver este país feliz outra vez — disse Lula.

Diante do cenário polarizado, Lula tem insistido internamente que é preciso levar adiante a federação entre PT e PSB. A aposta da união entre siglas é criar condições para eleger mais congressistas nas eleições deste ano.

 

— Vamos ter de falar muito que, se a sociedade não eleger deputados e senadores comprometidos com os sonhos da classe trabalhadora, a gente corre o risco de eles encherem o nosso galinheiro de raposas e fazerem o Brasil, em vez de melhorar, piorar um pouco mais — discursou Lula.

O seminário realizado pelo PT ocorreu com transmissão ao vivo para uma sala na Câmara dos Deputados. O evento, porém, não foi aberto ao público.

Após a reunião, deputados petistas evitaram criticar a aproximação de Lula com o ex-governador Geraldo Alckmin, possível indicado ao cargo de vice da chapa. Eles destacaram a necessidade de que o diálogo seja amplo, apesar da resistência de parte da esquerda em endossar a aliança.

— Temos que ter uma bancada além do PT. E, para enfrentar esse fascismo, precisamos de outros partidos democratas — disse o líder da bancada, Reginaldo Lopes (PT-MG).