'Agonizou dez minutos antes de morrer', avalia perito após laudo e vídeo com agressões a congolês
Imagens de uma câmera de segurança do quiosque Tropicália mostram que o estrangeiro foi agredido por pelo menos quatro homens com socos, chutes e mais de 30 pauladas
Espancado até a morte na altura do Posto 8 da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, o congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, sofreu traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, provocado por ação contundente, na noite de 24 de janeiro.
Imagens de uma câmera de segurança do quiosque Tropicália mostram que o estrangeiro foi agredido por pelo menos quatro homens com socos, chutes e mais de 30 pauladas, parte delas quando já estava imobilizado no chão, próximo a uma escada de acesso à praia. Após cerca de 30 minutos, os criminosos aparecem ainda tentando reanima-lo, sem sucesso.
"O laudo e o vídeo demonstram que trata-se de uma vítima fatal de espancamento, com vários hematomas pelo corpo, e com uma repercussão grave das agressões no pulmão, o que causou uma hemorragia. Nesses casos, a aspiração do sangue leva a dificuldade respiratória, como em uma asfixia, e a morte não se dá de maneira imediata. Estima-se em dez minutos o tempo de sofrimento respiratório que o fez agonizar antes de morrer", explica o perito Nelson Massini, professor titular Medicina Legal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
De acordo com o laudo de exame de necropsia feito em Moïse no Instituto Médico-Legal (IML), ao qual O Globo teve acesso, o estrangeiro apresentava equimoses no tronco e nos braços, além de escoriações pelo corpo. O documento é assinado pelo perito legista Claudio Amorim Simões e consta no inquérito da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pelas investigações.
As imagens, que também são analisadas por agentes da especializada, mostram que a briga entre Moïse e pelo menos cinco homens começa por volta de 22h25. Um deles pega um pedaço de pau e o estrangeiro, uma cadeira. Eles andam um atrás do outro e o Moïse chega a tirar a camisa, até ser surpreendido por outros dois agressores, que lhe jogam no chão. A partir daí, os três dão início a uma série de violência contra ele.
Os vídeos mostram ainda que, cerca de dez minutos depois, os agressores chegam a amarrar as mãos e os pés de Moïse com um fio. Aproximadamente 20 minutos mais tarde, uma mulher se junta ao grupo e dois homens tentam fazer a reanimação do estrangeiro, com massagens cardíacas.
Segundo o inquérito, o corpo de Moïse foi encontrado por policiais militares do 31º BPM (Recreio) ainda amarrado, no chão, próximo ao Tropicália. Ele prestava serviço pontualmente no local servindo mesas na areia e, segundo parentes, pretendia tentar cobrar pagamentos atrasados quando acabou sendo morto.