Praias de Maracaípe e Porto de Galinhas registram quantidade vinte vezes maior de lixo
Prefeitura de Ipojuca e moradores recolheram grande parte do lixo
As praias de Maracaípe e Porto de Galinhas, localizadas em Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco, foram atingidas por uma grande quantidade de lixo na manhã da última terça-feira (1). Imagens divulgadas nas redes sociais mostram a dimensão do que foi encontrado por moradores e turistas nas praias. Ainda não se sabe a origem desse lixo, que será analisado por pesquisadores.
De acordo com a Prefeitura de Ipojuca, o material recolhido pelos trabalhadores da limpeza do município chega a ser 20 vezes superior ao que é normalmente é retirado de lixo vindo do mar.
Uma equipe de pesquisadores já analisa o lixo que foi encontrado e trabalha com duas hipóteses. A primeira é de que as chuvas recentes tenham trazido o lixo pelos rios, até chegar ao oceano.
A segunda hipótese é que o material seja oriundo de descarte de navios, pela característica observada em análise prévia, com o lixo sendo considerado antigo, com bastante erosão e que estava em água há muito tempo.
Outra hipótese passou a ser discutida após uma informação de mergulhadores chegar até a equipe de análise, afirmando que o lixo pode ter vindo de uma dragagem, realizada regularmente pelo Porto do Recife. Acrescentaram que a draga pode ter remobilizado o lixo que estava enterrado no fundo do mar após a retirada de sedimento do fundo e, ao lançar o despejo a cerca de cinco milhas da costa, pode ter sido alcançado o oceano.
De acordo com a Prefeitura de Ipojuca, o lixo foi retirado todo ainda nessa terça-feira, por trabalhadores da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) do município e que o volume do que foi recolhido chega a 20 metros cúbicos, chegando a ser 20 vezes maior do que é normalmente retirado do lixo que vem do mar.
A gestão também calcula que o lixo tenha atingido cerca de 14 quilômetros da orla de Ipojuca, que em sua totalidade conta com 33 quilômetros.
A prefeitura informou também que busca a origem do lixo e trabalha com as mesmas hipóteses dos pesquisadores, já tendo realizado contato com outros municípios da região e com o Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH).
Para Mirella Costa, doutora em Oceanografia e pesquisadora do Programa Ecológico de Longa Duração Tamandaré Sustentável (Peld Tams), do CNPq e UFPE, o lixo na praia pode causar impactos ambientais e econômicos.
"Os impactos ambientais são observados na vida marinha, que pode ingerir ou se ferir pelo contato com esse lixo. Muito animais acabam se prendendo em plásticos. Já os impactos econômicos são diretos para a população que vive do turismo e da pesca. Além de afastar os turistas, pode causar repercussões negativas para o local e diminuir a balneabilidade de praia", disse.
Ainda para a pesquisadora, o lixo também pode causar ferimentos em banhistas e levar à morte espécies marinhas como peixes, tartarugas e golfinhos.