Caso Moïse

Caso Moïse: Castro rebate Anistia sobre transparência nas investigações

'quem dera que toda ocorrência tivesse culpados presos em nove dias', afirma o governador do Rio

O governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) - Reprodução/Instagram

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), criticou nesta quarta-feira o pedido por transparência nas investigações, feito pela Anistia Internacional, sobre a morte do congolês Moïse Kabamgabe, de 24 anos, espancando e assassinado por um grupo de homens, em um quiosque da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, no último da 24.

— Se todos os crimes fossem resolvidos em nove dias, a polícia mereceria ainda mais medalhas. A polícia está de parabéns, ao contrário do que diz a Anistia. Não faço nenhuma crítica à polícia. Erros em investigação causam vícios, por causa da pressa. Não há demora. Cobro sempre por uma polícia técnica. É importante lembrar que os malfeitores estão presos e que as investigações estão em curso — afirmou ele.

Castro disse que receberá nesta quinta-feira, dia 3, uma lista de pedidos dos familiares de Moïse e que pretende ajudá-los por meio das secretarias de governo.

— O que estiver dentro das nossas possibilidades (para ajudar a família) será feito. É necessária uma política pública para todos os casos dessa natureza e não pegar um único caso como exemplo. É muito triste que uma briga de barraqueiros termine desta forma. É o retrato da barbárie, de como a vida humana vem perdendo o seu valor — completou.

Pela manhã, a Anistia Internacional pediu uma investigação transparente para o caso.

— É com revolta, tristeza, e o compromisso de lutar ao lado da família, ao lado da comunidade congolesa, e ao lado de todas e todos que se negam a aceitar que o Brasil seja o país da xenofobia, que o Brasil seja este país racista que tem sido, é com isso que a Anistia Internacional do Brasil se compromete. É Preciso que a polícia Civil do Rio de Janeiro faça uma investigação célere, correta e transparente. É preciso prestar contas à família de  Moise, à comunidade congolesa e à sociedade do Rio de Janeiro e do Brasil de que tudo que deve ser feito está sendo realizado. Estaremos acompanhando— disse Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional Brasil, em entrevista ao RJTV.

Crime na Barra:  funcionário de quiosque onde congolês foi morto alegou não ter chamado a polícia por estar sem celular

Também em entrevista ao RJTV, o delegado Henrique Damasceno, da Delegacia de Homicídios da Capital, responsável pela investigação do caso, disse que o congolês foi assassinado de forma brutal e cruel.

— Foram inúemras agressões ( sofridas pela vítima), numa brutalidade absolutamente desproporcioal. E mesmo se verificando que em um dado momento, no final das agressões, se busca uma tentativa de reanimar a vítima ( suspeitos tentaram reanimar), isso não apaga a brutalidade das ações realizadas anteriomente. A vítima sendo agredida com pedaços de pau por diversos minutos, demonstra com bastante clareza, que houve uma ação bastante cruel — disse o delegado.

Gravações de uma câmera de segurança do quiosque Tropicália, na altura do Posto 8 da Barra da Tijuca, mostram pelo menos quatro homens espancando o congolês até a morte, na noite do dia 24 de janeiro. A família da vítima informou que Moïse teria ido até o local cobrar uma dívida de R$ 200 referentes a duas diárias de trabalho.

Já três suspeitos alegaram, ao prestar depoimento, que teriam agredido Moïse, que, segundo eles, já estaria embriagado, após o congolês tentar pegar cervejas da geladeira do Tropicalia.

As imagens flagram os agressores dando socos, chutes e golpes com pedaços de pau no estrangeiro. Mãe de Moïse, a comerciante Lotsove Lolo Lavy Ivone, afirmou que assitir ao vídeo foi como "uma sensação de morte" e "uma facada no coração".

A Justiça decretou as prisões temporárias de três suspeitos. São eles: Fábio Pirineus da Silva, o Belo, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, e Brendon Alexander Luz da Silva, conhecido como Tota. Nenhum deles era funcionário do quiosque Tropicália.

Eles foram presos  e levados da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), onde prestaram depoimento. De lá, acabaram sendo transferidos, nesta quarta-feira, para o sistema penitenciário do Rio de Janeiro.

O trio de agressores foi identificado pelo proprietário do Tropicalia por meio de apelidos.

O proprietário, que não estava no local no momento das agressões, cedeu as imagens de câmeras de segurança para a polícia e não teve participação no crime, de acordo com os investigadores.