Congresso Nacional

Convidado para ser líder do governo, novo senador de Minas crítica política econômica

Questionado se aceitará convite de Bolsonaro, Alexandre Silveira diz que sua prioridade é seu estado e o Brasil

Alexandre da Silveira - Divulgação/PSD

Convidado para ser líder do governo no Senado, o novo senador Alexandre Silveira (PSD-MG), que tomou posse nesta quarta-feira, fez críticas às políticas econômicas da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas a elogiou nas pautas do agronegócio, da infraestrutura e do desenvolvimento regional.

Em um discurso que criticou a polarização e defendeu o diálogo, o parlamentar desconversou quando perguntado se aceitará o convite do presidente. Respondeu apenas que suas prioridades são Minas Gerais e o Brasil e que, antes de dar uma resposta, conversará com o mandatário.  

— Hoje, eu estou sendo investido do cargo de senador da República Federativa do Brasil, portanto, a minha resposta está dada. A minha prioridade é cuidar de Minas e do Brasil e, para isso, eu entendo que eu tenho que me dedicar ao trabalho desta Casa junto com meus companheiros — disse Silveira. 

O novo senador assumiu a cadeira do senador Antonio Anastasia (PSD-MG), de quem era suplente. O agora ex-parlamentar tomará posse nesta quinta-feira no Tribunal de Contas da União (TCU). O convite ao novo senador para assumir a liderança do governo foi feito em janeiro por Bolsonaro.


O cargo está vago desde a votação na Casa que indicou Anastasia para o TCU, derrotando o senador Fernando Bezerra Coelho, que ocupava o posto até então. 

Em seu discurso, Silveira afirmou que disse ao presidente que pode contar com ele “para as pautas prioritárias que interessam ao país”. O apoio, no entanto, “não significa submissão ideológica, nem a assunção a qualquer cargo”.  

— Disse recentemente ao governo que ele pode contar com este senador para as pautas prioritárias que interessam ao país. Porque o Brasil está sofrendo. Este apoio não significa submissão ideológica, nem a assunção a qualquer cargo. Pelo contrário, significará muitas vezes apontar o que considero errado em relação à pauta econômica, ambiental e social. Não sem valorizar o que está dando certo nas pautas do agronegócio, da infraestrutura e do desenvolvimento regional. Não esperem de mim, alinhamento com o erro nem críticas aos acertos — afirmou.  

Segundo interlocutores do PSD, a preço de hoje, Silveira tende a não aceitar o cargo por dois motivos. Primeiro, por ser próximo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é apontado como possível candidato ao Planalto pelo partido.

Segundo, porque Silveira tentará a reeleição neste ano e formará chapa com o correligionário e prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, pré-candidato ao Palácio Liberdade. No estado, o alcaide é oposição a Bolsonaro, e pode haver um estranhamento entre eleitores caso o senador assuma com líder do governo federal no Senado.  

Kalil, que acompanhou a posse de Silveira no Senado, disse a jornalistas após a sessão que o colega de partido não deve aceitar o cargo.  

— Pelo discurso de hoje, ele não aceita — enfatizou.  

No entanto, de acordo com aliados de Silveira, o convite mexeu com o novo parlamentar por ser um posto de importância na Casa e esse ser o seu primeiro mandato — que pode durar apenas um ano caso não consiga se reeleger. Há apenas uma vaga ao Senado na disputa deste ano.  

Críticas à política econômica e indireta a Guedes 

No discurso de posse, Silveira fez críticas diretas à política econômica de Bolsonaro, urgindo resultados que possam atenuar a crise econômica atual, agravada pela pandemia do novo coronavírus.  

— Há mais de dois anos ouço falar da recuperação em V, na estabilidade do dólar e na sustentabilidade fiscal como fonte geradora de justiça social e onde está o resultado desse discurso? Não dá mais para esperar — disse. 

Em sua fala, soltou indiretas ao ministro da Economia, Paulo Guedes: 

— Não estamos discutindo viagem à Disney. Estamos falando de recorde em produção agrícola, recorde na exportação de proteína e, em contraponto, o que temos é quilo de músculo a 40 reais, botijão de gás a 130 reais. 

Por fim, o senador também criticou a polarização no país e o partidarismo:  

— Fome, miséria e dor não têm partido. Não é verde, vermelho ou amarelo — disse Silveira, que completou: — A polarização que marcou o Brasil nos últimos 10 anos nos fez mal. 

A posse de Silveira, que aconteceu na primeira semana sessão do Senado deste ano, foi acompanhada pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e integrantes do partido em Minas, como o prefeito de Belo Horizonte e possível candidato ao governo mineiro, Alexandre Kalil. Com uma boa entrada no Planalto, o novo senador tomou posse sob a presença dos ministros Tarcísio de Freitas, de Infraestrutura, Flávia Arruda, da Secretaria de Governo, Tereza Cristina, da Agricultura, e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. 

Próximo ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Silveira atuava como diretor de Assuntos Técnicos e Jurídicos da Presidência da Casa. Ex-deputado federal e ex-delegado da Polícia Civil, o novo senador é presidente do PSD em Minas e secretário-geral do diretório nacional da sigla.