Tecnologia

Ações do Facebook desabam 26% e empresa perde US$ 252 bilhões em valor de mercado

Com a perda, fortuna de Zuckerberg encolhe US$ 29 bilhões, e executivo deve sair da lista dos 10 maiores bilionários do mundo.

Facebook Logo - Freepik

As ações da Meta, dona do Facebook, fecharam em queda de 26% no pregão de Nova York nesta quinta-feira, o pior recuo do mercado na história.  Com o tombo, segundo a Bloomberg, a empresa de Mark Zuckerberg perdeu US$ 252 bilhões em valor de mercado, a  maior de uma empresa dos EUA em um único dia.

Até agora, a maior perda havia ocorrido em 3 de setembro de 2020, quando a Apple viu evaporar US$ 180 bilhões de capitalização.

A queda nas ações ocorre um dia depois de a gigante de tecnologia anunciar que o número de usuários ativos diários na América do Norte caiu pela primeira vez devido ao aumento da concorrência com redes sociais, especialmente o Tik Tok, e repete o comportamento dos papéis na noite de quarta-feira, após o fechamento da Bolsa, quando a companhia divulgou o resultado de 2021 e previsão de receita menor que a esperada para o primeiro trimestre de 2022.

A perda de valor de mercado do grupo fez a fortuna de Zuckerberg encolher cerca de US$ 29 bilhões, o que o tira da lista dos dez maiores bilionários do mundo, de acordo com a Bloomberg.

A derrocada nas ações da Meta arrastou outras empresas de tecnologia. Twitter caiu 5,56%, enquanto a Amazon perdeu 7,81%. Snapchat tombou 23,6%. Google e Microsoft perderam 3,32% e 3,8%, respectivamente.

A Nasdaq, que reúne as empresas de tecnologia, caiu 3,74%.

No quarto trimestre, o Facebook perdeu um milhão de usuários ativos diários apenas na América do Norte, região onde também ganha mais por meio de publicidade, segundo o site The Verge.  No fim de 2021, o total de usuários ativos somava 1,929 bilhão. Nos três meses anteriores, o número era de 1,930 bilhão.

Em outros aplicativos, como o Instagram e WhatsApp, o crescimento foi “essencialmente estável”, informou o relatório da companhia divulgado na noite de quarta-feira.

 

Ainda assim a receita total da Meta, cuja maior parte vem de vendas de publicidade, subiu 20% na comparação com os três últimos meses de 2020, para US$ 33,67 bilhões no último trimestre. A cifra veio levemente acima das previsões do mercado.  O lucro, no entanto, caiu 8% e as previsões para o primeiro trimestre deste ano decepcionaram.

Nos três primeiros meses de 2022, a empresa estima ganhos entre US$ 27 bilhões e US$ 29 bilhões, abaixo do esperado por analistas. Foi isso que derrubou as ações da gigante de tecnologia no pós-mercado de ontem e que ainda afeta o humor dos investidores nesta manhã.

A empresa justificou que foi afetada por uma combinação de fatores, incluindo mudanças de privacidade no sistema iOS, da Apple, e desafios macroeconômicos. A Apple alterou os softwares de seus smartphones e passou exigir permissão dos clientes para coleta de dados que são base para a oferta de anúncios personalizados. Isso afeta diretamente a estratégia da Meta para publicidade, sua principal fonte de receita.

O mais preocupante, porém, e que está tirando o sono de Zuckerberg e demais acionistas, é a concorrência de rivais como chinês TikTok e YouTube, do Google.

O executivo disse que o app de vídeos curtos Reels, que foi criado para rivalizar com o aplicativo asiático, está crescendo, mas que o retorno sobre o investimento tem sido lento e pediu paciência aos investidores.

Enquanto a Meta perde jovens usuários para seus concorrentes, sua principal aposta para o futuro, o metaverso, ainda dá prejuízo. O Reality Labs, divisão do grupo responsável por produtos como óculos inteligentes e outros que serão chaves para o ambiente que mistura experiências virtuais e reais, teve perda de US$ 10 bilhões no ano passado. A cifra é mais de dez vezes o que o grupo pagou para comprar o Instragram em 2012.

Doug Anmuth, analista da JPMorgan, baixou a classificação dos papéis da Meta para neutro, o primeiro corte desde que a empresa abriu seu capital na Bolsa. Segundo ele, “há uma desaceleração no crescimento de (receita com) publicidade, enquanto a empresa embarca no cara e incerta transição para o metaverso, que ainda deve durar anos".

O balanço financeiro divulgado ontem foi o primeiro desde que Zuckerberg anunciou a mudança no nome da empresa para Meta em outubro, uma referência justamente ao metaverso, e ocorre em meio a uma intensa batalha com reguladores sobre privacidade.