Internacional

EUA somam mais empregos do que o esperado em janeiro apesar da onda de Covid

Aumento leve na taxa desemprego também foi uma surpresa positiva para a maior economia do mundo

Presidente Joe Biden - Brendan Smialowski / AFP

Apesar de uma nova onda de contágios de Covid-19 causada pela variante ômicron, a economia dos Estados Unidos adicionou 467.000 postos de trabalho em janeiro - de acordo com dados oficiais divulgados nesta sexta-feira (4), um desempenho bem melhor do que se antecipava.

O informe do Departamento do Trabalho, que também mostrou que a taxa de desemprego registrou leve aumento para 4% em janeiro, foi uma surpresa positiva para a maior economia do mundo.

O presidente Joe Biden, cujos índices de aprovação caíram em meio a meses de dados que indicavam que não foi possível cumprir as promessas de emprego feitas quando assumiu o cargo há um ano, deve falar sobre o assunto nesta sexta-feira (4) na Casa Branca

“Esses dados deixam claro que o mercado de trabalho apesar da ômicron está muito mais forte do que se acreditava anteriormente”, disse Ian Shepherdson, analista da Pantheon Macroeconomics, referindo-se à nova variante do coronavírus que gerou um aumento nas infecções desde dezembro.

Muitos analistas esperavam que a contratação de mão de obra fosse fraca, ou mesmo negativa, no primeiro mês de 2022, devido às infecções. 

Esses dados positivos provavelmente reforçarão a posição do Federal Reserve (Fed, banco central) de que a economia está saudável o suficiente para elevar a taxa de juros. 

Com a inflação em níveis recordes, altos funcionários sinalizaram que, em sua próxima reunião em março, farão seu primeiro aumento de juros desde que a Covid-19 causou o colapso da economia global há quase dois anos. 

"Os dados indicam que o mercado de trabalho está progredindo rapidamente", disse Rubeela Farooqi, especialista da High Frequency Economics. 

"Combinado com o cenário de inflação, esses dados apoiam ainda mais o aumento da taxa (do Fed) em março."

Melhor do que parece
A economia adicionou 19,1 milhões de empregos desde o auge da crise da Covid-19 em abril de 2020, mas ainda falta recuperar 2,9 milhões de vagas.

Além do crescimento do emprego em janeiro, alguns economistas dizem que há notícias ainda melhores nas revisões para cima que o Departamento do Trabalho anunciou nos dados da folha de pagamento do ano passado. 

Essas revisões mostraram que as contratações em novembro e dezembro, meses em que os dados iniciais foram surpreendentemente fracos, foram 709.000 empregos a mais do que o relatado inicialmente. 

"O resultado é que a recuperação foi mais rápida e consistente do que a medida", disse Betsey Stevenson, professora de economia da Universidade de Michigan, no Twitter.

No entanto, o governo também revisou os dados para 2021, informando que o emprego no ano passado teve mais 217.000 vagas em relação ao divulgado previamente.

Entre os principais setores que contrataram no mês passado estão bares e restaurantes, que aumentaram o número de funcionários mais do que qualquer outra área, com 151.000 novas vagas.

Os serviços profissionais e empresariais criaram 86.000 postos, e o varejo, outros 61.000. 

A taxa de participação na força de trabalho, que indica a proporção da população dos EUA trabalhando ou procurando emprego, subiu ligeiramente para 62,2%, segundo os dados. 

Essa métrica teve pouca melhora em grande parte de 2021, embora seu aumento também possa explicar o alta da taxa de desemprego para 3,9% em dezembro.

Houve, naquele momento, evidências do impacto do coronavírus nas estatísticas, incluindo um salto de seis milhões no número de pessoas que disseram não poder trabalhar, porque a empresa em que trabalhavam fechou, ou foi afetada pela pandemia.

Em dezembro, apenas 3,1 milhões de trabalhadores estavam nessa situação.