ENTREVISTA

Secretário de Educação e Esportes de PE, Marcelo Barros faz balanço sobre primeiro ano de gestão

Em entrevista à Folha de Pernambuco, secretário falou sobre os desafios da pasta, destacando projetos realizados e o planejamento para os próximos meses

Secretário de Educação e Esportes de Pernambuco, Marcelo Barros - Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco

O secretário estadual de Educação e Esportes de Pernambuco, Marcelo Barros, completou um ano à frente do cargo. Em entrevista à Folha de Pernambuco, ele falou sobre os desafios da pasta, destacando projetos realizados e o planejamento para os próximos meses, como a universalização do ensino integral e a implantação do programa Quadras Vivas.

Atualmente, a rede estadual conta com 1.052 escolas e 580 mil alunos. Barros é economista, mestre em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professor efetivo da Faculdade de Administração da Universidade de Pernambuco (UPE).
 
 
O Governo de Pernambuco afirmou que vai garantir a universalização do ensino integral, em que todo aluno que desejar estudar em uma escola integral poderá se matricular. Que medidas foram adotadas para chegar nessa fase e quantos alunos podem ser beneficiados?
 
O modelo de educação integral começou em 2007. Esse modelo já é vitorioso, e a gente neste ano de 2022 está universalizando o acesso ao ensino integral. Todos os estudantes do primeiro ano do ensino médio que quiserem estudar em uma escola integral terão a vaga disponível. Isso deve representar que, em torno de 75% dos estudantes da rede estadual, estarão no modelo integral. Essa é a previsão até o final de 2022. Então, para isso, nós vamos chegar em 540 escolas de referência. Nós iremos inaugurar algumas novas escolas nos municípios e outras escolas serão transformadas, de escolas regulares elas são transformadas em escolas de tempo integral. A gente acredita que essa universalização do ensino integral é um passo fundamental, importantíssimo, para que Pernambuco continue se destacando no cenário educacional, continue tendo a melhor rede pública do Brasil de educação. 

Outra meta é ampliação das escolas com quadras poliesportivas. Quantas devem ser construídas? Os ensinamentos do esporte também são fundamentais para o desenvolvimento dos alunos? 
 
O governador Paulo Câmara anunciou a universalização também das quadras cobertas nas escolas da rede estadual, desde que tenha o terreno disponível. A gente está fazendo um investimento perto dos R$ 200 milhões. Estamos fazendo agora a primeira licitação, com cerca de 127 novas quadras, e haverá mais 50 licitações neste primeiro semestre. Então, vamos ter aproximadamente 180 quadras, que nós vamos construir ou vamos cobrir. E a quadra na escola é utilizada tanto na prática esportiva, que é muito importante para o amadurecimento e para a questão do ensino-aprendizagem, mas também é utilizada pela comunidade para outros fins, como para fazer casamentos, eventos, reuniões. 

Então, é uma forma de aproximar a população da escola?
 
Exatamente. A quadra coberta é um importante avanço, um importante equipamento público, porque ela é muito utilizada pela própria escola, mas muito utilizada também pela comunidade do entorno.

O senhor pode destacar como funciona o programa Investe Escola e qual impacto ele terá na estrutura e nas atividades das instituições?
 
O Investe Escola é o maior programa de descentralização de recursos já feito aqui em Pernambuco. É um investimento de cerca de R$ 250 milhões do Governo do Estado e a gente transferiu esses recursos para as unidades executoras, as escolas, porque a gente aposta muito na descentralização da tomada de decisões. Então, é preciso o debate com a comunidade escolar para poder definir quais são as prioridades para a utilização desses recursos. Com isso, a gente está reforçando a gestão democrática dos recursos educacionais porque quem sabe onde estão os maiores problemas das escolas, as prioridades, é a própria escola. E a gente vai conseguir, com celeridade, resolver diversos problemas operacionais existentes no ambiente das escolas.  

Quem participará da decisão, são os gestores, professores?
 
É através do conselho. Cada escola tem um conselho escolar que é composto por professores, gestores, pais, estudantes, representantes da comunidade. Então, esse conselho escolar vai definir quais são as prioridades. Isso será decidido de forma colaborativa, participativa. E, a partir daí, a gente vai ter muito mais celeridade em resolver questões como, por exemplo, de manutenção: uma torneira quebrada, um vidro quebrado, uma descarga quebrada, uma manutenção no ar-condicionado, no ventilador. Tudo isso vai poder ser utilizado no recurso da escola. O objetivo é a gente ter participação democrática nas definições de prioridade e ter rapidez na tomada de decisão para resolver esses problemas.
 
Então, isso trará mais autonomia para a escola. Qual a proporção de recursos para cada unidade?
 
Isso, autonomia. A gente está descentralizando os recursos e fortalecendo a autonomia das escolas. E o recurso será definido a partir do número de estudantes. Então, a escola que tem maior número de estudantes recebe maior recurso, que é um recurso anual.

Qual a importância do programa Professor Conectado, especialmente nesses momentos de pandemia em que a gente vê a tecnologia tão em evidência?
 
A gente passou dois anos extremamente desafiadores para a educação. O chamado ensino remoto foi introduzido na matriz educacional como uma alternativa que permanece. E, diante dessa necessidade da pandemia, o Governo do Estado lançou o programa Professor Conectado, que consiste na distribuição de 18 mil notebooks com conectividade para os profissionais da Educação. Aproximadamente 70% da rede já recebeu e o restante está em trânsito. Foi uma estratégia importantíssima e que vai ajudar muito neste início de ano. Foi um investimento de cerca de R$ 100 milhões do Tesouro Estadual do Governo do Estado.
 
Como funciona o programa de monitoria de aprendizagem?
 
Sabemos que é importante fortalecer novas estratégias educacionais. Então, a gente tem um programa de monitoria de aprendizagem que são estudantes do 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio - já foi feito um processo seletivo -, que vão ensinar para outros estudantes. A grande vantagem da monitoria é que o estudante é quem vai auxiliar o colega, tirando dúvidas. Isso vai fortalecer muito porque você tem uma sinergia entre eles.
 
Quantos alunos foram selecionados? Eles recebem bolsa-auxílio? As aulas são na própria escola fora do horário das aulas?
 
Eles recebem uma bolsa de R$ 200 por mês. É um programa muito importante porque a gente acredita que essa prática de um aluno ensinando outro aluno tem um impacto extraordinário na questão educacional, porque é um colega ensinando o outro, com o mesmo linguajar, com um exemplo do cotidiano deles inserido dentro do contexto.Os encontros ocorrem na escola, fora do horário da aula, e são cerca de 7 mil monitores que já foram escolhidos.Outra coisa importante é que com issa a gente está compartilhando a prática docente, porque muitos desses monitores serão os professores do amanhã. Eu mesmo fui monitor. Então, a gente estimula também esse talento da docência, da paixão. Eu não tenho dúvida que daqui a alguns anos, quando fizerem uma pesquisa, vão pegar esse grupo, que é o início, e um percentual grande vai ser professor.
 
E como funciona o programa de monitoria por busca ativa?
 
O outro grupo de monitoria é o de busca ativa, que são estudantes egressos, pessoas da comunidade, que foram atrás dos estudantes que estavam fora das escolas, principalmente por que um dos maiores problemas deixado pela pandemia foi a questão da evasão escolar. Esses monitores vão atrás desses estudantes, vão entender por que eles estão fora da escola, vão falar com eles, conversar, entender, debater, dialogar com os pais e com a família, porque o grande objetivo é trazer, resgatar, o estudante para dentro da sala de aula.

Qual o balanço que o senhor faz desse primeiro ano de gestão e qual o planejamento para os próximos meses?
 
A educação sempre foi uma prioridade do governador Paulo Câmara. Então, no último ano, foram pensados e lançados importantes projetos, como os citados aqui. Foi um ano desafiador, um ano de transição em que a gente pegou o início e o auge da pandemia, mas um ano com grandes conquistas para toda a comunidade escolar. Temos todo um planejamento já definido para 2022 para continuar ampliando os investimentos na nossa rede, com o avanço da vacinação. E a gente vai ter que correr atrás porque sabemos que no Brasil e no mundo inteiro o déficit de aprendizagem decorrente da pandemia é alto. Vamos ter primeiro que identificar quais são essas lacunas de aprendizado e correr atrás com práticas pedagógicas para que a gente consiga reverter esse quadro que infelizmente é a herança da pandemia.