Coronavírus

Covid-19: Em decisão inédita no país, Botucatu começa a aplicar 4ª dose em idosos acima de 70 anos

A exigência na cidade é que os idosos tenham recebido a terceira dose há, pelo menos, quatro meses

Vacinação de idosos contra a Covid-19 - Marcos Pastich/PCR

A cidade de Botucatu, no interior paulista, começou a aplicar neste domingo a quarta dose de vacina contra a Covid-19 em todos os idosos com 70 anos ou mais. O Ministério da Saúde recomenda esse segundo reforço apenas para pessoas imunossuprimidas.

A exigência na cidade é que os idosos tenham recebido a terceira dose há, pelo menos, quatro meses. Por isso, assim que esse intervalo for completado, a Secretaria Municipal de Saúde vai estender a medida para pessoas com mais de 60 anos.  

Botucatu já vinha aplicando a quarta dose nos idosos internados em instituições de longa permanência, além de nas pessoas imunossuprimidas.   
 

A vacina usada nesta etapa da campanha é, preferencialmente, da Pfizer ou, de maneira alternativa de acordo com a disponibilidade, a da AstraZeneca

A Comissão de Acompanhamento, Controle, Prevenção e Tratamento da Covid-19 do Município de Botucatu emitiu nota técnica na qual justifica a aplicação da quarta dose. O grupo cita a “redução da efetividade das vacinas contra a Covid-19 com o passar do tempo, a partir de 3 a 4 meses de sua aplicação e de forma mais evidente após 5 meses”, a “transmissão elevada com aumento de casos graves, hospitalizações e óbitos” provocados pela Ômicron e a "um processo de envelhecimento (senescência) do sistema imunológico dentre os idosos, o que pode contribuir para que os níveis de imunidade atingidos sejam menores”.

O grupo cita ainda estudos preliminares recentes desenvolvidos em Israel, que demonstram, após aplicação de uma segunda dose de reforço (quarta dose), aumento de cinco vezes no número de anticorpos. Nesse contexto, baseado em recomendações de um painel de especialistas, o governo de Israel iniciou no começo de janeiro, de forma pioneira, a aplicação da quarta dose em indivíduos com 60 anos de idade ou mais, após 4 meses de intervalo da aplicação da terceira dose.

O infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do departamento de Infectologia da Unesp, apoia a iniciativa.  

— Os imunossuprimidos têm dificuldade de produzir anticorpos e de mantê-los por mais tempo, o que torna a resposta vacinal menos intensa e mais efêmera. Então existe o raciocínio de que os idosos em geral sejam uma população também vulnerável como imunossuprimidos, em razão da imunossenescência [envelhecimento imunológico]. Os estudos estão em andamento. Mas vivemos um momento de muita infecção, a Ômicron está aí. Trocar o pneu do carro com ele andando é muito difícil — afirma.  

O município tem tido destaque na vacinação, em particular em função da realização do estudo de efetividade da vacina da Astrazeneca, realizado em parceria entre a prefeitura, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Unesp, Universidade de Oxford, Fundação Gates e Ministério da Saúde.