Protesto

Bolsonaro pede investigação de grupo que entrou em igreja durante protesto

O presidente também citou um artigo do Código Penal que define como crime "impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso"

Manifestação na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Curitiba - Reprodução / Redes sociais

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que pediu para os ministérios da Justiça e da Mulher, Família e Direitos Humanos para investigarem um grupo que entrou em uma igreja em Curitiba durante uma manifestação no domingo.



O protesto, que entrou dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, pedia justiça pelas mortes de Moïse Kabagambe e Durval Teófilo Filho, ambas ocorridas no Rio de Janeiro. Moïse foi espancado por três homens. E Durval foi morto a tiros por um sargento da Marinha, que disse ter o confundido com um assaltante.

Bolsonaro publicou vídeo da manifestação e disse que "acreditando que tomarão o poder novamente, a esquerda volta a mostrar sua verdadeira face de ódio e desprezo às tradições do nosso povo". "Se esses marginais não respeitam a casa de Deus, um local sagrado, e ofendem a fé de milhões de cristãos, a quem irão respeitar?", questionou.

O presidente também citou um artigo do Código Penal que define como crime "impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso" e afirmou que pediu para as pastas da Justiça e da Mulher acompanharem o caso para "garantir que os responsáveis pela invasão respondam por seus atos e que práticas como essa não ganhem proporções maiores em nosso país".

Em nota, a Arquidiocese de Curitiba afirmou que "lideranças do grupo instaram a comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos" e repudiou a "profanação injuriosa".

"É verdade que a questão racial no Brasil ainda requer muita reflexão e análises honestas, que promovam políticas públicas com vistas a contemplar a igualdade dos direitos de todos. Mas não é menos verdadeiro que a justiça e a paz nunca serão alcançados com destemperos ou impulsividades desequilibradas", diz texto assinado pelo arcebispo Dom José Antonio Peruzzo.

O vereador Renato Freitas (PT), que estava presente no protesto, disse que "não houve invasão" à igreja "pois ela se encontrava aberta e a missa já havia terminado".

"Entramos na Igreja como parte simbólica da manifestação e de forma pacifica enfatizamos que nenhum preceito religioso supera o amor e a valorização da vida, todas as vidas, inclusive as negras", escreveu o vereador.