Polêmica

Museu do Holocausto convida Monark após apresentador concordar com existência de partido nazista

Perfil do museu no Twitter fez publicação citando falas do ex-apresentador do podcast Flow

Reprodução/Twitter/@MuseuHolocausto

O Museu do Holocausto, em Curitiba, respondeu o apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, do podcast Flow, por meio de um convite para conhecer a instituição após ele concordar com a existência de um partido nazista no Brasil, permitido por lei. A declaração resultou em seu desligamento do podcast Flow, conforme anunciou a companhia em suas redes sociais.

Na gravação do programa com os deputados Tabata Amaral (PSB) e Kim Kataguiri (Podemos), Monark disse ainda que quem é "antijudeu" deveria ter o direito de mostrar-se assim. Em razão disso, patrocinadores repudiam a fala e encerram contratos. No episódio, já excluído do YouTube, Tabata discordou, afirmando que a liberdade individual termina a partir do momento que fere a de outra pessoa.

"Em 2020, em nome de um 'antitabu', o apresentador de podcast Bruno Aiub, conhecido como Monark, disse que conversaria 'sem problemas' com Hitler. Ontem (07), foi além: se disse favorável a legalizar o partido nazista e que pessoas deveriam ter o direito de serem 'antijudeus'. Respeitosamente, o convidamos a visitar o Museu do Holocausto de Curitiba. Será um prazer recebê-lo, @monark! Venha!", iniciou o museu por meio de postagem divulgada no Twitter nesta terça-feira.

"Aqui, você perceberá que o nazismo foi muito além de pessoas exercendo, em suas palavras, o 'direito de serem idiotas'. Aqui, aprenderá que o partido nazista refletia uma pequena minoria e que, por ter suas ideias de supremacia e extermínio consentidas, pôde crescer e perpetrar o Holocausto. Ser 'antijudeu' não é ser contra um conjunto de ideias, mas contra a existência de um grupo de pessoas. Aqui, @monark, você certamente verá que o indivíduo e suas liberdades, direitos e deveres não existem fora da sociedade. Portanto, a liberdade individual se limita quando se choca com a liberdade do Outro. É por isso que estamos sempre em alerta! #portodaavidavamoslembrar"

Outras entidades judaicas se pronunciaram nas redes sociais em repúdio à declaração de Monark, como o Insitituto Brasil-Israel, a Confederação Israelita do Brasil (CONIB), a Federação Israelita Paulista e o coletivo Judeus pela Democracia. Diante da repercussão, o apresentador gravou um vídeo em que justifica sua declaração, diz que estava bêbado e pede desculpas.

Ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo federal, Fabio Wajngarten classificou a atitude do apresentador como "inaceitável".

"É inaceitável nos dias atuais qualquer tentativa de apagar os horrores do nazismo. Aos poucos alguns perceberão que NÃO vale tudo pelos cliques. A audiência não perdoa", afirmou em postagem.

O jornalista esportivo Benjamin Back, que já foi convidado do podcast, repudiou a declaração sobre nazismo e pediu que o episódio com sua participação seja excluído.

"@flowpdc se eu soubesse que vcs apoiam o nazismo, jamais teria participado desse podcast! Inclusive, gostaria que o meu episódio fosse retirado do ar, pois nao compactuo com esse tipo de pensamento!Triste de saber que vcs pensam assim, tolerar e apoiar o nazismo é inadmissível!", escreveu.