UE vê com cautela uma 'estabilização' da última onda da pandemia
"Dizer que já 'dobramos a curva' não é uma frase que eu usaria", disse a comissária europeia de Saúde, Stella Kyriakides
A União Europeia (UE) observa com muita cautela uma "estabilização" da última onda da pandemia de Covid-19, mas sabe que deve fazer mais para ajudar as nações mais pobres, disseram autoridades nesta quarta-feira (9).
"Dizer que já 'dobramos a curva' não é uma frase que eu usaria", disse a comissária europeia de Saúde, Stella Kyriakides, a um grupo de jornalistas em uma reunião conjunta de chanceleres e ministros europeus de saúde pública em Lyon, na França.
"Estamos vendo nas últimas sete ou oito semanas uma estabilização no número de hospitalizações e mortalidade (...) E estamos vendo que alguns Estados-membros chegaram ao limite com a ômicron", ressaltou.
No entanto, Kyriakides acrescentou que é necessário "seguir cautelosos", considerando os enormes problemas criados pelo coronavírus e suas sucessivas variantes nos últimos dois anos.
O ministro italiano da Saúde, Roberto Speranza, apontou que "todos os países europeus estão caminhando para um gerenciamento de uma nova fase" da pandemia, mas frisou que "o jogo não acabou".
Esta reunião, que tratou da resposta da União Europeia à pandemia, foi o primeiro encontro de ministros das Relações Exteriores e da Saúde para debater as ações compartilhadas adotadas.
Parte da discussão se concentrou nas formas de ajudar mais os países que ainda estão muito atrasados na taxa total de vacinação, que na UE atingiu 72%.
A África foi o centro das conversas, a uma semana de uma cúpula da União Europeia e da União Africana que será realizada em Bruxelas.
Durante uma visita ao Senegal, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse nesta quarta-feira que a UE até agora compartilhou com a África quase 145 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, e que planeia triplicar esse número até junho.
Anunciou também que a UE concederá mais 125 milhões de euros (cerca de 143 milhões de dólares) ao continente africano, que se somam aos quase 300 milhões de euros já doados, para ajudar a distribuir doses, capacitar pessoal médico e promover estudos sobre o genoma do vírus.
"A saúde se tornou um problema geopolítico", afirmou o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, em coletiva de imprensa em Lyon.
“Precisamos fortalecer essa solidariedade e precisamos fortalecer os sistemas de saúde”, completou.