Luto

Mestre Bio Caboclo falece neste domingo (13) e deixa legado para cultura popular

O artista, natural da Zona da Mata de Pernambuco, é pioneiro no maracatu rural, ciranda, coco de roda e viola

Artista da cultura popular, Mestre Bio Caboclo falece neste domingo (13) - Divulgação

Precursor da cultura popular na Zona da Mata de Pernambuco, o Mestre Bio Caboclo faleceu aos 62 anos, na tarde deste domingo (13), deixando a arte em luto. O artista estava internado desde o dia 13 de janeiro no Hospital Barão de Lucena, no Recife, e a causa da morte foi Neoplasia do estômago. O velório será realizado nesta segunda-feira (14), às 12h, no Ginásio de Esportes João Vieira Bezerra, no município de Lagoa de Itaenga, e o sepultamento, na terça-feira (15), às 10h, no Cemitério São Francisco de Assis.

Pioneiro na participação das brincadeiras de cultura popular da região, como mestre de maracatu rural, coco de roda, ciranda e viola, o artista é natural de Glória do Goitá e consolidou sua carreira em Lagoa de Itaenga, município onde residia. Com nome de batismo Severino José de Souza, o mestre deixa esposa, cinco filhos e netos. Ele estava no primeiro mandato como vereador da cidade de Lagoa de Itaenga, pelo (MDB).

O artista admirado na Zona da Mata tinha uma relação com a cultura popular desde a infância, quando morava na zona rural. Dentro do universo da arte, sua maior paixão era a criação de versos de improviso, talento que nasceu autodidata, sem necessidade de ir à escola ou à faculdade.

Ele iniciou sua vida nos palcos como cantador de viola. Iniciou a carreira artística como violeiro aos 18 anos, acreditando na arte do repente, como possibilidade de fugir da triste realidade de trocar sua terra pelo sudeste. Com o dinheiro da passagem que o levaria para São Paulo comprou a uma viola. Sua primeira cantoria foi na casa de amigos de seus pais. 

A vocação para repentista surgiu desde a infância quando acompanhava seu pai Zé Caboclo nos eventos culturais promovidos nas casas dos amigos. Seu pai cantava folhetos e versos de coco-de-roda tradicional nas festividades juninas.

Logo depois, tomou graça por outras artes, a exemplo de cantador de coco de roda, ciranda e mestre de maracatu rural. Aos 20 anos, foi convidado a ser mestre de maracatu, mesmo período em que começou a cantar o coco de roda.

Mestre Bio Caboclo também realizou apresentações em um programa de viola ao vivo, na extinta rádio Planalto de cidade de Carpina, na Zona da Mata do Estado. Desde sua inserção na cultura popular, entre a década de 90 e 2000, promoveu mais de oito festivais de cultura popular. Ao longo dessa caminhada já gravou vários CDs, e produziu mais de 150 músicas autorais.

Ao longo de sua vida, também foi mestre de vários maracatus rurais, entre eles: Leão Africano, Carpina; Leão da Serra, Lagoa de Itaenga; Pavão Dourado, Feira Nova; e Cambinda Dourada, Camaragibe.

O ‘‘Multipoeta’’ com seu talento artístico de violeiro, Mestre de Maracatu e Cantador de Coco de roda, apresentou-se ao longo de sua vida, de forma original e singular a cultura nordestina, em especial, a arte do coco de roda. Ao longo de cinco décadas, passou a ser chamado por seus admiradores de “Lenda viva da cultura”. Formou o Grupo Cultural Caboclo, que tem sua composição formado por filhos e netos, englobando o coco de roda, o maracatu rural, a cantoria de viola e a ciranda.