Turismo

'Farme', em Ipanema, é eleita a segunda melhor praia gay do mundo em 2021

Votação no site GayCities, guia turístico da comunidade LGBTQIA+, teve mais de 50 mil votos

Praia de Ipanema - reprodução

Vamos combinar que muita gente já sabia, mas a consagração veio na forma de uma enxurrada de eleitores virtuais: o site GayCities, guia turístico da comunidade LGBTQIA+, apontou o melhor de 2021 em 12 categorias. Na lista, a Praia de Ipanema conquistou o segundo lugar no quesito “fun in the sun” (algo como “diversão ao sol”). O alvo de mais 50 mil votos é, mais especificamente, o conhecido trecho entre as ruas Teixeira de Melo e Farme de Amoedo.

O point carioca perdeu para a campeã Playa de los Muertos, no México, e superou a americana Black’s Beach, canto escondido em San Diego, na Califórnia, vencedora da medalha de bronze.

Casados há 18 anos, os portugueses Gualdino Coutinho e Rui Amorim batem ponto no pedaço de areia em frente à Farme de Amoedo sempre que visitam o Rio. Para eles, a segurança é um dos atrativos locais.

—Nunca tivemos problemas aqui e não há preconceito. O clima é leve. Não fazemos turismo gay, mas conhecemos o site (GayCities) e, quando queremos alguma informação específica, acessamos. Faz todo o sentido que Ipanema tenha conquistado essa posição — opina Coutinho.

A profusão de bandeiras do arco-íris e a fama local demarcam o território naturalmente. Na areia, multiplicam-se os produtos e serviços pensados especialmente para o público que se concentra por ali. As opções de drinque à beira-mar vão do onipresente gim tônica ao atual queridinho dos balcões, o moscow mule (mistura de vodca, suco de limão e espuma de gengibre). Osvaldo da Silva, conhecido como Tigrão de Ipanema, trabalha por lá há duas décadas, mas seu negócio é outro: em uma tenda onde instala sua maca, ele oferece sessões de massoterapia.

— Quando comecei, lembro que tinha uma galera do Leblon que vinha arrumar confusão. Fui o primeiro a colocar a bandeira do arco-íris, hoje todo mundo tem. A bandeira passou a significar uma proteção — diz.

Nesse domingo, Marluce da Silva Assis, vinda de São Paulo, aproveitava o belo domingo de sol com a família sem saber que aquele pedaço de praia é um conhecido point gay.

— Não me incomoda em nada e não faz diferença. É paz, amor e harmonia. Não há razão para preconceito — sacramentou.

Em rede social, Carlos Tufvesson, à frente da Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual, órgão da prefeitura, comemorou a votação do site GayCities com duas frases: “Parabéns Ipanema! Viva o Rio!”. A cidade já ganhou antes eleições populars de melhor destino gay do mundo. No ano passado, em junho, durante o mês do Orgulho LGBTQIA+, uma iniciativa da prefeitura espalhou pelos postos de salvamento da orla painéis com as cores do arco-íris, sob o qual se liam palavas como “orgulho”, “respeito” e “vida”.

Os amigos Márcio Oliveira e Kelvin Cardoso vieram de Brasília para aproveitar os atrativos da “Farme”.

— Nos sentimos mais seguros aqui, somos bem tratados — resumiu Márcio.

A torcida, empurrada por manifestações de reconhecimento como a da votação no site GayCities, é para que a sensação observada pelo turista de Brasília se espalhe com força por outras praias do Rio.