Grande Recife

Mecânico quer adotar recém-nascida encontrada em cesto de lixo no Cabo

Luiz Paulo, de 35 anos, já é pai de uma menina de 1 ano e sete meses

Luiz Paulo, de 35 anos, já é pai de uma menina de 1 ano e sete meses - Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

O laço que liga o mecânico Luiz Paulo, de 35 anos, e a recém-nascida que foi encontrada na madrugada do domingo (13), por ele dentro de uma caixa de papelão, em um cesto de lixo, no Loteamento Enseada dos Corais, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, pode ficar ainda maior. Depois de ajudar a salvar a vida dela, que hoje está na Maternidade Padre Geraldo Leite Bastos, em Ponte dos Carvalhos, o homem deseja adotar a bebê. 

"Estou procurando uma forma na Justiça de conseguir entrar na lista de espera para a adoção. Já tenho uma filha de um ano e sete meses e isso me tocou muito: ter uma menina e achar outra. Mexeu muito comigo e com minha esposa", declarou o mecânico.

De acordo com o conselheira tutelar que acompanha o caso, Bárbara Kelly, ainda é preciso aguardar a aparição de algum familiar da recém-nascida para definir quem ficará responsável pelos cuidados.

"A bebê está bem e estamos aguardando a saída dela (da maternidade) para levá-la ao Recanto da Criança. Já foram feitos todos os exames para fechar o ciclo de acompanhamento. Se não aparecerem os familiares, será encaminhada à unidade de acolhimento. Já comunicamos ao Ministério Público para investigar a situação. Ficará a cargo da Justiça a responsabilização da criança", informou Bárbara Kelly.

A bebê tem previsão de alta em até 48 horas. Ela tem 50 centímetros e pesa 2,595 quilos.

A bebê está sendo carinhosamente chamada de "Aurora" pelas profissionais de saúde do hospital | Foto: Reprodução 

Alarme falso

Uma mulher de 32 anos esteve na maternidade, alegando ser a mãe da recém-nascida. O conselheiro tutelar Luciano Luiz, porém, informou que a pessoa foi ouvida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e pelo Conselho Tutelar, sendo, posteriormente, descartada como a genitora da bebê. "Ela apresentou sinais de distúrbio psicológico, além de não ter uma história coerente, tendo muita contradição", disse Luiz.

Descoberta 

Luiz contou como encontrou a recém-nascida, chamada carinhosamente de "Aurora" pelas profissionais de saúde da maternidade. 

"Estava de folga do trabalho e um amigo meu me chamou para pescar.  No caminho da rua da praia, escutei um 'chorinho'. Olhei para o lado e só vi o coletor de lixo. Quando abri, me deparei com a menina na caixa, suja de sangue e com o cordão umbilical amarrado ainda em um cadarço. Levei a bebê para minha casa para prestar os primeiros socorros e depois encontramos um batalhão da polícia. De lá, fomos para um posto de Gaibu e depois para o Hospital Infantil do Cabo. A pediatra disse que ela estava bem e depois levou para a maternidade", afirmou.

Os primeiros atendimentos foram feitos pela médica Nathalia Duarte, do Hospital Infantil. "Quando ela chegou, notamos que ela tinha apenas horas de vida, mas estava muito ativo. Demos os primeiros socorros, dando banho e alimentando. Tiramos as medidas dela e depois a levamos para a maternidade. Lá, ela vai fazer exames específicos para saber se tem alguma infecção, além de tomar o banho de luz. Mas ela está clinicamente bem", apontou,  chamando atenção apenas para a coloração da pele da bebê.

"Não sabemos as condições do parto ou do pré-Natal que justifique o fato de ter a pele amarelada, mas já iniciamos a fototerapia. A bebê estava em uma caixa, com uma camisa, enrolada com uma toalha e o local estava forrado com um lençol", explicou.