Oi: Clientes passam a ser responsabilidade de Vivo, TIM e Claro após conclusão do negócio
Dos R$ 16,5 bi a serem recebidos da venda da operação móvel, R$ 12 bi vão abater dívidas com BNDES e bancos, revela Rodrigo Abreu, presidente da companhia
A Oi espera concluir o processo de venda de sua operação de telefonia móvel para TIM, Vivo e Claro em dois meses e com isso comemorar finalmente a chegada dos R$ 16,5 bilhões em seu caixa.
A cifra é considerada essencial para a sobrevivência da empresa, em recuperação judicial desde 2006. O processo foi aprovado pelo Cade, órgão que regula a concorrência, na semana passada em votação apertada e com uma série de condicionantes com as quais as empresas terão de se comprometer. A Anatel já havia aprovado, mas ainda pode rever a decisão.
Em entrevista ao GLOBO, o presidente da companhia, Rodrigo Abreu, contou que a maior parte dos recursos, cerca de R$ 12 bilhões, vão para o pagamento de dívidas.
Ao detalhar como será o processo de migração das linhas de celular vendidas às rivais, o executivo afirmou que, assim que o processo for concluído, os compradores passam a ter a responsabilidade pelos serviços dos cerca de 40 milhões de clientes atuais da Oi, que continuará operando o serviço até que seja concluída a migração dos usuários para cada compradora.
O processo de migração é estimado em 12 meses. E os clientes não precisarão, por exemplo, trocar seus chips, ele detalha.
De olho na recuperação e crescimento futuro da Oi, Abreu detalhou ainda que a pretende continuar vendendo imóveis, o que pode gerar uma arrecadação potencial de R$ 2 bilhões.
Quer ainda entrar na disputa dos clientes de fibra óptica e fala até em aquisições. "Uma vez terminado o período de supervisão da recuperação judicial, a companhia analisará todas as demais oportunidades de vendas ou aquisições caso façam sentido", antecipou ele.
Veja a seguir os principais trechos da entrevista. Quando entram os recursos com a venda da operação móvel? Qual prazo?
Para receber os recursos, a operação precisa ser efetivamente concluída com as duas aprovações no Cade e Anatel. Trabalhamos com a expectativa de que o fechamento ocorra o mais rápido possível. Há uma intenção de concluir em dois meses ou menos.
O impasse na Anatel preocupa após a Copel ter pedido a anulação da anuência prévia?
A decisão da Anatel segue válida. O que a agência está fazendo é verificando se existe uma necessidade de correção formal do rito de aprovação. Do ponto de vista de validade da apreciação e do mérito da aprovação, continua válido.
Em relação aos clientes, o que a Oi está fazendo na prática sobre esse processo de transferência dos clientes?
Estamos fazendo com que o processo de comunicação ocorra sem impacto. Apesar de a gente ter criado três empresas que serão transferidas para as três compradoras , os clientes continuam sendo atendidos pelos mesmos canais, com os mesmos planos, serviços e preços.
Continuam recebendo a mesma conta ainda em nome da Oi. E antes que a transação seja concluída vamos fazer uma segunda rodada de comunicação para explicar as transferências e a assunção da responsabilidade a partir da data de fechamento pelas operadoras, que serão as recebedoras dos clientes.
Vai ser tudo feito de forma transparente para mostrar qual será a nova operadora do ponto de vista da responsabilidade. E todos os nossos canais estarão dispostos a tirar as dúvidas.Mas, então, a partir da data do fechamento da operação, como vai ser esse processo?
Não existe mudança ou impacto para o cliente na data de fechamento. Uma vez fechada a transação, a Oi vai continuar fazendo a operação móvel por um período para evitar qualquer ruptura aos clientes. Existe uma expectativa de concluir essa transição em doze meses. O cliente vai precisar trocar de chip?
Não vai ser necessário. Vamos fazer uma transição de rede que gradualmente passa a ser incorporada às redes das compradoras.Mas a Oi tem muito cliente de telefonia fixa e banda larga. Qual cuidado a Oi vai ter para não perder esse cliente?
Os combos consistem de vários serviços agregados. Temos um planejamento de segregação mantendo todos os serviços de maneira a não causar prejuízo ao cliente. Estamos chegando a quase 4 milhões de clientes em fibra óptica. Quantos funcionários da Oi serão absorvidos pelas rivais com a venda da Oi móvel?
Depende das negociações finais de absorção de pessoal por cada uma das operadoras. Uma parte de profissionais da Oi faz parte da operação e está junto com as transferências de ativos.
Tem um grupo que continua aqui para operar a rede nesse processo de transição e ao final desse processo de transição eles poderiam ser migrados para as operadoras novas. Não estamos dando detalhes desses números.
Mas há intenção de Vivo, Claro e TIM absorverem esses funcionários?
Sempre que possível sim.
Como será usado esse valor de R$ 16,5 bilhões com a venda da Oi móvel ?
A venda da Oi Móvel vai cobrir o pagamento integral da dívida com o BNDES, que é de R$ 4,7 bilhões, além de parte do pagamento de bancos locais e de bancos de fomento.
Há ainda o pagamento das dívidas que a empresa fez nos últimos dois anos para poder atravessar esse período.
Estamos falando de um pagamento de mais ou menos R$ 12 bilhões. E uma parte dos recebimentos será utilizada pela empresa para continuar a operação, fazer investimento e tocar a operação.
Toda a equação financeira não é só a venda da operação móvel. Temos ainda recebimentos da unidade de infraestrutura (vendida para os fundos do BTG).
Quando entra o dinheiro com a venda da empresa de infraestrutura (de R$ 12,9 bilhões)?
Esse dinheiro só entra em caixa após a aprovação da Anatel. A previsão é tentar também dentro do primeiro trimestre também. Como estão a venda de imóveis?
Vamos continuar a fazer uma otimização na nossa operação. Já foram cerca de R$ 400 milhões em imóveis. Temos um potencial de imóveis para venda de quase R$ 2 bilhões. É um plano de longo prazo.Passada a venda da Oi Móvel, falta apenas vender TV por assinatura ou tem mais coisa para vender?
Uma vez terminado o período de supervisão da recuperação judicial, a companhia analisará todas as demais oportunidades de vendas ou aquisições caso façam sentido. Vale lembrar, por exemplo, que recentemente vendemos a nossa participação minoritária na empresa de satélites Hispamar.