Brasil e Rússia

Putin elogia relações da Rússia com Brasil durante visita de Bolsonaro

Bolsonaro apontou que sua visita é "um sinal para todo o mundo" de que as relações de seu país com Moscou "têm boas perspectivas"

O presidente da Rússia, Vladimir Putin (D) e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, participam de uma coletiva de imprensa conjunta após suas conversas no Kremlin, em Moscou, em 16 de fevereiro de 2022 - Mikhail Klimentyev / Sputnik / AFP

O presidente russo Vladimir Putin elogiou, nesta quarta-feira (16), a conversa "construtiva" que teve com o brasileiro Jair Bolsonaro, durante sua primeira viagem a Moscou, em plena crise russo-ocidental pela situação na Ucrânia. 

"O Brasil é o nosso sócio principal na América Latina", declarou Putin após a reunião, mencionando um "diálogo construtivo" que contribuirá para "reforçar mais as relações russo-brasileiras".

Bolsonaro, declarando-se "solidário" com a Rússia, apontou que sua visita é "um sinal para todo o mundo" de que as relações de seu país com Moscou "têm boas perspectivas", segundo um comunicado do Kremlin.

Em sua declaração conjunta após a reunião, ambos os líderes destacaram sua "vontade de reforçar a colaboração estratégica e de aprofundar o diálogo político".

Também destacaram o "importante potencial de cooperação" na energia, destacando as complementariedades nos setores do petróleo e gás, da eficiência energética e das energias renováveis. 

Na declaração, também apontaram as perspectivas de crescimento da Aliança Tecnológica Brasil-Rússia, em áreas como a nanotecnologia, a biotecnologia, a inteligência artificial, as tecnologias de informação e comunicação e a pesquisa em saúde e oceanos.

O presidente Bolsonaro, cujo país é membro com a Rússia dos BRICS (junto a Índia, China, África do Sul), agradeceu ao presidente Putin pelo seu reiterado apoio ao Brasil como um candidato forte, merecedor de um cargo permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas reformado, segundo uma nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.

Também agradeceu pela escolha do Brasil para um cargo não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no biênio 2022-2023.

Desafio

Ao contrário do que fez com vários líderes estrangeiros recentemente, que se sentaram do outro lado de uma mesa comprida de 6 metros durante suas reuniões com Vladimir Putin, Bolsonaro estava apenas a uma pequena mesa de café de distância de seu homólogo russo. Segundo a imprensa russa, isso ocorreu pelo fato de o presidente brasileiro ter feito um teste de covid-19 na Rússia. 

Bolsonaro é conhecido pelas suas posturas controversas contra a pandemia e não está vacinado contra a Covid-19. 

Bolsonaro convidou Putin para visitar o Brasil e o presidente russo "aceitou com gosto", segundo a declaração. As datas ainda serão definidas.

Antes de seu encontro com Putin, o presidente brasileiro depositou uma coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, o monumento que homenageia os militares mortos durante a Segunda Guerra Mundial, situado ao lado das muralhas do Kremlin.

À noite, Bolsonaro deve se reunir com empresários. 

O presidente brasileiro viaja acompanhado dos ministros das Relações Exteriores, Carlos França, e da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, que conversaram com seus homólogos russos.  

Com esta viagem, Bolsonaro desafiou as advertências dos Estados Unidos em um momento de alta tensão entre Moscou e os países ocidentais, que acusam Putin de preparar um ataque contra a Ucrânia. 

Mas o presidente do Brasil, um aliado tradicional de Washington, rejeitou a pressão e defendeu a viagem, afirmando que as reuniões estavam focadas em temas comerciais, já que o Brasil é um grande produtor e exportador agrícola que "depende em grande parte dos fertilizantes da Rússia".

Em sua declaração conjunta, os dois líderes "constaram com satisfação o aumento das entregas de fertilizantes russos ao Brasil".

Menção à Ucrânia

Desde terça-feira, a tensão em torno da Ucrânia diminuiu levemente depois que a Rússia anunciou uma retirada parcial de algumas tropas. Nesta quarta-feira, informou que concluirá as manobras na península da Crimeia, anexada em 2014 ao país vizinho. 

Antes de partir para Moscou, Bolsonaro mencionou a Ucrânia e informou que o ministro das Relações Exteriores conversou por telefone com o chanceler ucraniano Dmitro Kuleba. 

O presidente brasileiro expressou sua admiração por Putin, em um momento em que enfrenta um complicado panorama interno com as eleições presidenciais em outubro. 

A relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos esfriou desde que o republicano Donald Trump deixou a Casa Branca.

Na quinta-feira, Bolsonaro viajará para a Hungria, onde se encontrará com o primeiro-ministro Viktor Orban, que há pouco tempo também se reuniu com Putin.