TRAGÉDIA

Moradores ajudam na busca por parentes desaparecidos em áreas de desabamento em Petrópolis

População se une a bombeiros e Defesa Civil no resgate de vítimas e sobreviventes

Morto em Petrópolis após temporal - Carl Souza/AFP

Em muitos pontos de Petrópolis, como Morro da Oficina, Quitandinha, Caxambu e Floresta, onde ocorreram deslizamentos provocados pelo temporal dessa terça-feira (15), chama atenção o drama dos moradores em busca por pessoas desaparecidas durante a tragédia. O número de casas destruídas ou soterradas é muito grande. Pelo menos 400 bombeiros com ajuda de cães participam dos resgates.

Até agora foram confirmadas 58 mortes. Pelo menos 16 pessoas já foram resgatadas com vida. Ainda não há número oficial de desaparecidos. Os corpos encontrados estão sendo levados para o Instituto Médico-Legal (IML).

A Defesa Civil não para de receber chamados com pedidos de resgates, mas o que se destaca mesmo é o esforço da população em ajudar. No Morro da Oficina, que fica bairro Alto da Serra, estima-se que cerca de 80 casas tenham sido atingidas.

Em um dos pontos do Morro da Oficina, 35 moradores montaram uma força-tarefa junto com os bombeiros para ajudar a cavar, retirar pedras e lama de cima dos escombros. Uma corrente humana precisou ser feita para esvaziar os baldes.

Nos escombros, misturados à lama,  surgem colchões e roupas. A água continua a escorrer nesses pontos, dificultando o trabalho dos voluntários.

Conhecido como Lampião, um homem que mora no Morro da Oficina conseguiu resgatar duas pessoas com vida, mas perdeu a mãe no desastre. Ele conta que estava no trabalho no momento em que ligaram para perguntar se o filho estava com ele. A preocupação com a família foi instantânea.

— Me ligaram e vim correndo para cá. Quando cheguei, disseram até que meu filho tinha morrido. Fiquei sem chão. Um vizinho me disse que sabia onde ele estava e fomos resgatá-lo. Escutei muitos pedidos de socorro na hora que fui resgatar o meu filho, mas já estava ficando escuro, sem luz. Deve ter muita gente embaixo dos escombros. Deixei meu filho no posto de saúde — conta ele, que mora ali há 44 anos.

Gisele Arcaminate, mãe da adolescente Maria Eduarda, é uma das pessoas que ajudou nas buscas pela filha, junto com familiares e amigos. Com nome da filha tatuado, a todo momento gritava "Duda", na esperança de uma resposta. Com uma enxada nas mãos, ajudava, junto com outros moradores voluntários, a tentar resgatar a jovem sob a lama.

— Um bebê sem respirar embaixo dessa lama — disse Gisele, sobre a menina de 1 ano desaparecida.

Muito emocionado, João Belisardo aguardava notícias de sua filha Michele Aparecida, de 33 anos, e Larissa Afonso, de 5 anos. Elas estavam em uma casa de três andares que desabou durante a chuva, por volta das 18h.

— Moro em outro bairro, e minha filha até 18h estava falando comigo. Mas depois parou. Minha neta tem 5 anos e minha filha fez 33 na terça-feira. Era uma casa de três andares e tinha outros imóveis. Todo mundo que está aqui perdeu alguém — disse emocionado.

Nem sempre a busca por sobreviventes tem um final feliz. Segundo o coronel Leandro Monteiro, secretario estadual de Defesa Civil do Rio, um homem de 60 anos morreu depois de mais de 10 horas de tentativa de resgate.

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A vítima estava em meio a escombros no Morro da Oficina e não resistiu a uma hemorragia interna.

O comandante dos Bombeiros explica que entende a aflição das familias em querer ajudar no resgate, mas disse que elas devem evitar fazer sozinhas já que podem prejudicar a área afetada.

—  São inúmeros desaparecidos. A gente entende o desespero das familias aqui tentando ajudar e mover terra mas trabalhamos com a possibilidade de ter pessoas vivas e precisamos trabalhar com nossas técnica.