Na pandemia, índice de mortalidade nas UTIs da Prevent Senior foi maior que nos hospitais públicos
Levantamento coordenado pelo professor Paulo Saldiva foi apresentado nesta quinta-feira em sessão da CPI da Prevent Senior, da Câmara Municipal de São Paulo
Durante o período da pandemia, pacientes com menos de 60 anos internados na UTI por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o que inclui também a Covid-19, tinham mais chances de sobreviver em um hospital público do que no Sancta Maggiore, da operadora Prevent Senior.
A conclusão é de um estudo da Universidade de São Paulo (USP) coordenado pelo professor Paulo Saldiva, do Grupo de Pesquisa sobre Mortalidade.
Nos hospitais Sancta Maggiore, a probabilidade de morte foi de cerca de 50% para os pacientes com menos de 60 anos. Ou seja, a cada dois internados na UTI com a síndrome respiratória, um morria. Nos hospitais públicos, essa probabilidade era inferior, de aproximadamente 40%.
— Apesar de ser um plano de saúde pago, a Prevent tem índices de mortalidade piores do que os hospitais públicos, por faixa etária. Isso prova que muita coisa foi feita errada e corrobora com as nossas investigações. Também desmonta o discurso da operadora de que ela teve um resultado muito bom no combate à Covid — disse o presidente da CPI, vereador Antonio Donato (PT).
Saldiva apresentou os números durante sessão desta quinta-feira da CPI da Prevent Senior, da Câmara Municipal de São Paulo. Segundo ele, os dados levam em conta apenas notificações no município de São Paulo entre 1 de janeiro de 2020 e 15 de novembro de 2021, o que inclui 252.376 hospitalizações.
De acordo com o estudo, as chances de óbito na UTI de pacientes com SRAG chega a ser até 13 vezes maior no Sancta Maggiore do que no Albert Einstein, considerando pessoas abaixo dos 60 anos.
O levantamento ainda separou os índices do Hospital das Clínicas e do Hospital São Paulo, para onde eram encaminhados pacientes em estado grave da Covid-19. Em ambos a chance de morte também era menor do que nos hospitais da Prevent Senior: cerca de 30% e 40%, respectivamente.
Em nota, a Prevent Senior disse que não teve acesso ao estudo e afirmou que os dados apresentados na Câmara são "incompletos", pois nenhum paciente foi examinado pelos autores do levantamento, o que, segundo a operadora, deveria ter sido feito para avaliar comorbidades e situações específicas que levaram aos óbitos em todas as unidades avaliadas, tanto as da Prevent quanto a de outros hospitais.
"A Prevent Senior reafirma que os índices dos hospitais da operadora são melhores que a média estadual, conforme já informado às autoridades", diz a assessoria de imprensa.