Crise da Ucrânia

Na ONU, Rússia e Ucrânia se acusam de descumprir acordos de Minsk

O acordos de Minsk são destinados a pacificar o conflito no leste da Ucrânia

Conselho de Segurança da ONU em Nova York - Timothy A. Clairy / AFP

O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Vershinin, acusou a Ucrânia nesta quinta-feira (17), diante do Conselho de Segurança da ONU, de descumprir os acordos de Minsk de 2015, a mesma acusação feita pelo embaixador ucraniano nas Nações Unidas.

"Não se enganem" por estas "especulações supérfluas", disse Vershinin sobre as declarações de altos funcionários de potências do Ocidente que advertem a Rússia contra uma possível invasão à Ucrânia. 

A maior parte do discurso do vice-ministro russo foi dedicada aos acordos de Minsk, destinados a pacificar o conflito no leste da Ucrânia entre o governo ucraniano e os separatistas pró-Rússia, e no qual, segundo Vershinin, a Rússia não tem participação.

"Não há outra solução senão cumprir o documento" desses acordos, destacou o diplomata russo, lamentando que as autoridades ucranianas sequer tenham aberto um diálogo com os separatistas como o acordo previa.

Em um tom muito comedido, Vershinin falou de "atrocidades" cometidas no leste da Ucrânia, mas sem usar os termos de crimes de guerra ou genocídio, como Moscou denunciou recentemente.

Por sua vez, ao final da sessão do Conselho de Segurança, dedicada a analisar o cumprimento dos acordos de Minsk, o representante ucraniano nas Nações Unidas, Sergiy Kyslytsya, também acusou a Rússia de descumprir os acordos.

"A Rússia pisou sobre os acordos logo depois de assiná-los", afirmou, enquanto segurava o documento em suas mãos.

"O reconhecimento pela Rússia da independência de Donbass", a região do leste da Ucrânia, conforme recomenda um projeto que tramita no Parlamento russo, "representaria a sua saída dos acordos de Minsk", advertiu Kyslytsya. O funcionário lamentou que Moscou continue rejeitando a realização de uma reunião com o presidente ucraniano para reduzir a tensão.

A Ucrânia "exige provas" da retirada militar russa de áreas próximas de suas fronteiras e denunciou "as acusações espúrias" russas de um "genocídio" no leste do país.

Rússia e Ucrânia se acusam há anos de descumprir os acordos de Minsk, patrocinados pela França e pela Alemanha, que estão em ponto morto.

Em uma declaração conjunta ao término da sessão do Conselho, França, Alemanha, Irlanda, Estônia, Albânia, Noruega e a União Europeia reivindicaram o "total cumprimento" dos acordos de Minsk, "começando pelo respeito incondicional do cessar-fogo".

Esses países reiteraram que, em caso de invasão à Ucrânia, a Rússia sofrerá "enormes consequências".

A reunião anual do Conselho de Segurança, sob a presidência russa, estava planejada há muito tempo. 

Os Estados Unidos e o Reino Unido decidiram, no último momento, elevar o encontro para o alto nível, devido à crise entre o Ocidente e a Rússia sobre a Ucrânia.