Amazônia

Desmatamento na Amazônia brasileira pode atingir pior marca em quinze anos, diz ONG

A estima é de que o desmatamento pode chegar à marca de 15 mil km² de depredação neste ano de 2022

Desmatamento na Amazônia - Florian Plaucheur/ AFP

O desmatamento na Amazônia brasileira este ano pode superar a pior marca desde 2006, com mais de 15 mil km² depredados, segundo estimativa de uma plataforma de inteligência artificial de uma ONG brasileira.

Se medidas efetivas não forem tomadas para controlar a exploração madeireira, a parte brasileira da maior floresta tropical do mundo poderá perder cerca de 15.391 km² de sua vegetação, segundo projeções da ferramenta PrevisIA, desenvolvida pelo Instituto de Homens e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e Microsoft.

Isso significaria um aumento de 16% em relação ao período de análise anterior, entre agosto de 2020 e julho de 2021, em que 13.235 km² foram registrados como desmatados, e o pior desde 2006, quando foram destruídos 14.286 km².

De acordo com o estudo, o estado de maior risco é o Pará, com uma área potencialmente depredada de 6.288 km², 41% de todo o território ameaçado em 2022.

Os cálculos da PrevisIA são baseados em considerações de diferentes indicadores relacionados a desmatamento, rotas legais e ilegais, topografia, infraestrutura urbana e dados socioeconômicos de diferentes áreas.

O pesquisador do Imazon Carlos Souza Jr. alertou que, como 2022 é ano eleitoral, com eleições presidenciais em outubro, a fiscalização da floresta pode ser reduzida, como já aconteceu em outros ciclos eleitorais.

"É importante que os órgãos de controle atuem para proteger a Amazônia", pediu.

Nas eleições, o presidente Jair Bolsonaro buscará a reeleição, numa disputa em que provavelmente enfrentará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda não oficializou sua candidatura, mas lidera as pesquisas de intenção de voto.

Bolsonaro, que pressionou para expandir o agronegócio e a mineração na Amazônia, tem enfrentado pressão internacional e protestos pela destruição do chamado "pulmão do mundo", considerado vital para conter as mudanças climáticas.

O presidente lançou na segunda-feira um plano para expandir a mineração de ouro na região amazônica, recebendo críticas de ambientalistas por promover uma indústria acusada de desmatar, poluir e invadir terras indígenas.