Discurso

Bolsonaro elogia ditadores em posse de novo diretor de Itaipu Binacional

Em seu discurso, o presidente disse esperar pela recuperação de empreiteiras que participaram da construção da hidrelétrica

Jair Bolsonaro cumprimentando o novo diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, almirante Anatalício Risden Junior - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro exaltou obras feitas nos anos 70, durante a ditadura militar no Brasil e no Paraguai, ao participar nesta terça-feira (22) da cerimônia de posse do novo diretor-geral brasileiro da hidrelétrica Itaipu Binacional, almirante Anatalício Risden Junior. Segunda maior hidrelétria do mundo, a usina é dividida entre os dois países.

Na cerimônia, Bolsonaro ainda disse esperar pela recuperação de empreiteiras que participaram da construção da usina e que, mais tarde, foram alvo da Operação Lava-Jato.

Em seu discurso, Bolsonaro citou o ex-presidente brasileiro general Emílio Garrastazu Médici e o ex-presidente do Paraguai general Alfredo Stroessner, dizendo que ambos foram "homens de visão". Os dois foram responsáveis pela assinatura do tratado que permitiu a assinatura do acordo para contrução da usina.

Não é a primeira vez que ditador paraguaio, que comandou o país entre 1954 e 1989 em um regime de corrupção, violações de direitos humanos e denúncias de pedofilia, é elogiado por Bolsonaro. Em sua fala, o titular do Palácio do Planalto disse que a história não pode ser mudada.

— Por vezes, a gente fica pensando o que seria do Brasil sem as obras dos anos 70. Aqui, Itaipu Binacional. Volvendo meus olhos para a pequena grande mulher Tereza Cristina (ministra da Agricultura), Alysson Paolinelli. Também os anos 70 geraram grandes personalidades. O nosso agronegócio hoje em dia é algo fantástico graças a esse homem que foi descoberto por nada mais nada menos que nosso prezado Ernesto Geisel. Itaipu, Emílio Garrastazu Médici juntamente com Alfredo Stroessner. A história não pode ser mudada, é uma realidade. Homens de visão, homens de futuro, que nos geraram, no caso aqui, Itaipu Binacional. Mais do que representar em torno de 11% da nossa energia de fonte limpa — disse.

Em outro momento de sua fala, Bolsonaro fez um aceno às empreiteiras investigadas por indícios de corrupção e lavagem de dinheiro pela Operação Lava-Jato. Citada nominalmente pelo presidente, a Andrade Gutierrez fez delação premiada. Bolsonaro fez a menção ao citar que Itaipu atua como uma "secretaria de obras" na região.

— E este consórcio no passado foi liderado pela nossa Andrade Gutierrez. Empresas fantásticas. E a gente espera que brevemente todas nossas grandes empreiteiras estejam recuperadas e trabalhando pelo nosso Brasil — afirmou o presidente, sem mencionar a Lava-Jato.

A cerimônia de posse ocorreu no Itamaraty. O almirante Risden, que ocupava o cargo de diretor financeiro executivo da binacional, substituiu o general João Francisco Ferreira, que pediu exoneração em janeiro alegando motivos pessoais.

Participaram da posse os ministros Bento Albuquerque, das Minas e Energia; Carlos Alberto França, do Ministério das Relações Exteriores; Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Tereza Cristina, da Agricultura. Também estiveram presentes o diretor-geral paraguaio de Itaipu, Manoel Cárceres, e o vice-governador do Paraná, Darci Piana.