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Preço do petróleo sobe e bolsas caem por ofensiva militar russa na Ucrânia

O barril de petróleo ultrapassou a marca de 100 dólares pela primeira vez desde setembro de 2014

Às 5h10 (horário de Brasília), o preço do barril de Brent subia 6,01%, a 102,60 dólares - Pexels

O preço do petróleo superou nesta quinta-feira (24) os 100 dólares pela primeira vez em mais de sete anos, depois que o presidente russo, Vladimir Putin, lançou uma ofensiva militar contra a Ucrânia.

As bolsas europeias caíam com força desde a abertura. Às 5h15 (horário de Brasília), Frankfurt perdia 3,73%, seguido de Paris (3,15%), Milão (3,10%), Madri (em torno de 3%) e Londres (2,45%). 

Moscou despencou mais de 30%, e a moeda russa, o rublo, atingiu seu mínimo histórico em relação ao dólar, antes da intervenção do Banco Central russo. 

Na Ásia, Hong Kong perdia 3,24%. Tóquio fechou em queda de 1,81%, e Xangai, de 1,70%

O preço do petróleo já vinha em alta, devido à tensão geopolítica e, nesta quinta-feira, o barril de Brent ultrapassou a marca de 100 dólares pela primeira vez desde setembro de 2014. Às 5h10 (horário de Brasília), o preço do barril de Brent subia 6,01%, a 102,60 dólares. O petróleo WTI avançava 5,39%, a 97,14 dólares. 

Na madrugada desta quinta, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o início de uma "operação militar" na Ucrânia. Kiev diz se tratar de uma "invasão de grande alcance".

"Neste momento, é impossível apostar em qualquer cenário", diz Ipek Ozkardeskaya, analista da empresa de investimentos SwissQuote, para quem este "é o pânico nos mercados".

"Podemos apenas acompanhar de perto os últimos acontecimentos e estar preparados para mais volatilidade", acrescentou.

Ativos seguros se valorizam

Nas últimas semanas, a ameaça de uma guerra despertou temores sobre o abastecimento de produtos básicos chave, como trigo e metais, em meio a uma demanda crescente na reabertura das economias, após os fechamentos provocados pela pandemia da Covid-19.

O preço do petróleo vinha em alta até que, nesta quinta-feira (24), o Brent superou a marca dos 100 dólares pela primeira vez desde setembro de 2014. 

Outros ativos considerados refúgios seguros, como o ouro, o dólar e o iene japonês, também se valorizaram, e os mercados asiáticos registraram perdas.

Os mercados asiáticos se recuperaram um pouco na quarta-feira, após o anúncio de sanções consideradas leves contra a Rússia. Mas o início do conflito na Ucrânia puxou-os de volta para o terreno negativo nesta quinta.

Autoridades mundiais tentaram sem sucesso conter o conflito, e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, assegurou que tentou se comunicar com Putin, mas que ele não o atendeu.

O presidente americano, Joe Biden, condenou o "ataque injustificado" da Rússia e advertiu que "trará uma perda catastrófica de vidas e sofrimento humano".

"As tensões russo-ucranianas provocam um possível choque de demanda (na Europa) e um choque maior no abastecimento para o restante do mundo, em vista da importância da Rússia e da Ucrânia para (o setor de) a energia", declarou Tamas Strickland, do National Australia Bank. 

Em relação ao gás natural, o mercado de referência na Europa, o holandês TTF, era negociado esta quinta-feira a 107,615 euros (em torno de 121 dólares) por megawatt hora (MWh), 21% a mais do que na véspera.

A crise ocorre em um momento em que governos ao redor do mundo lutam para conter a inflação, alimentada por uma demanda crescente causada pela reabertura econômica mundial após os fechamentos provocados pela pandemia.

Grande parte das atenções está concentrada do Federal Reserve (Fed, Banco Central americano), cujas autoridades se preparam para elevar as taxas de juros em março para conter o aumento dos preços.

Analistas de mercado apostam em seis aumentos para este ano.