COVID-19

Ômicron: ocupação de leitos de UTI sofre a maior queda desde a chegada da variante no Brasil

Apenas duas unidades federativas seguem em situação crítica, segundo levantamento da Fiocruz

Pixabay

Após quase 15 dias de queda na média no número de casos de Covid-19, os hospitais começam a refletir a melhora. Levantamento feito pela Fiocruz nesta semana mostra redução consistente nas internações pela doença em praticamente todo o país: a maior durante a onda provocada pela Ômicron.  

As taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS obtidos pelos pesquisadores da Fiocruz na noite de 21 de fevereiro confirmam a tendência de melhora no indicador, que já havia sido verificada na semana anterior, dessa vez de forma mais acentuada.  

Agora, apenas duas unidades federativas, Mato Grosso do Sul (82%) e Distrito Federal (100%), estão na faixa considerada crítica, ou seja, acima de 80%. 

Do dia 14 para cá, Pernambuco, que estava em situação crítica, passou à taxa de 68%, e o Rio Grande do Norte despencou para 49%. Na maior parte do país, as internações caíram de forma bem acentuada. Segundo o levantamento, foram pelo menos cinco pontos percentuais em 17 estados. 

Segundo o boletim da Fiocruz, “é possível afirmar que o quadro atual aponta para melhora da situação, embora algumas taxas de ocupação de leitos ainda estejam muito elevadas, tendo havido inclusive aumento em Sergipe e estagnação em Tocantins, Goiás e Distrito Federal. Aos poucos a tendência de redução de internações e da ocupação de leitos de UTI vai se confirmando”. 
 

Para o pesquisador Raphael Guimarães, as taxas de ocupação de leitos remetem ao cenário da pandemia visto em outubro e novembro do ano passado, antes da chegada da variante.  

— O pico da Ômicron aparentemente ficou para trás. O conjunto de indicadores, com a redução da quantidade de casos novos, estabilização da mortalidade já que há defasagem de 3 a 4 semanas entre a queda nos casos e nos óbitos, a diminuição na ocupação de leitos e o aumento na cobertura vacinal, mostra que a tendência é que nesse semestre a pandemia se torne mais endêmica — afirma Guimarães.  

Para o pesquisador, o carnaval “requer algum alerta”, já que apesar de os grandes eventos terem sido adiados, devem ocorrer aglomerações pontuais. No entanto, ele considera difícil haver um repique grande, sendo mais provável uma diminuição na velocidade de queda. 

As internações e ocupação de leitos, no entanto, refletem a desigualdade da situação da pandemia no país, inclusive na assistência. 

— A gente tem vários Brasis. De um lado, Rio Grande do Sul e São Paulo e do outro Maranhão e Pará, em que há casos em ascensão, cobertura vacinal mais baixa. A rede de média e alta complexidade escancara nossa desigualdade regional, com a maior parte dos serviços concentrados no Sul e Sudeste. Esse é um problema crônico, não só da pandemia. Hoje, a região Norte tem maior vulnerabilidade para avançar na vacinação e rede assistencial menos robusta — analisa Guimarães. — É preciso um olhar mais cuidadoso para esses estados, onde os indicadores vão diminuir de forma lenta. A gente só pode dizer que ultrapassou a fase de pandemia quando tiver controle da doença em todos os territórios do país. 

Vacinação 
Na segunda-feira, o governo de São Paulo anunciou que a ocupação dos leitos dedicados exclusivamente aos pacientes com Covid-19 no estado teve uma importante queda nos últimos 7 dias. Os leitos em uso passaram de 58% para 47% nas enfermarias e 68% para 58% nas UTIs. 

Ao Globo, o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que a vacinação foi determinante para o desfecho da atual onda da Covid-19 e lembrou que o impacto da Ômicron no sistema de atendimento foi pequeno quando comparado às outras ondas da Covid. 

— Para se ter uma ideia, nós tivemos 15 mil internações, no pico da Ômicron, sendo 4.700 em terapia intensiva e o resto na enfermaria. No pico da segunda onda [provocada pela Gama], tivemos 30 mil pacientes (internados). E, veja, estávamos numa fase emergencial. Fazíamos com que pessoas restringissem horários, serviços. Essa diferença mostra efetivamente o impacto da vacinação no que tange essas variantes — diz o secretário. 

O Rio também celebra o avanço nos indicadores epidemiológicos, segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.  

— Pelos dados que temos, ficou claro que o cenário epidemiológico hoje é muito melhor. Houve uma redução importante do índice de positividade dos testes, que está em 5,1%. Também houve uma redução de internações, de casos… Só precisamos ver se esse cenário vai se manter — diz o secretário.