Norte

Mais de 350 pessoas foram assassinadas por conflitos no campo na Amazônia entre 2012 e 2020

Levantamento da CPT mostra que, no ano passado, dispararam no país os assassinatos de sem-terra e em conflitos fundiários envolvendo povos indígenas

Delegacia em Eirunepé (AM) - Divulgação / Polícia Civil do Amazonas

Entre 2012 e 2020, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), houve 356 assassinatos por conflitos no campo na região da Amazônia, de 308 homens e 48 mulheres. A maioria, no Pará.

Um levantamento prévio da CPT obtido pelo Globo mostra que, no ano passado, dispararam no país os assassinatos de sem-terra e em conflitos fundiários envolvendo povos indígenas. A maioria dos casos concentra-se na área da Amazônia Legal. Dos 26 assassinatos registrados em conflitos no campo num período de janeiro até agosto de 2021, 20 aconteceram na Amazônia.

Em relação à violência contra a ocupação e a posse na região, os números são alarmantes. 93% do total de famílias vítimas de grilagem de janeiro a agosto de 2021 foram na Amazônia. O relatório aponta ainda para um aumento de 157% nos registros de crime de pistolagem: de 3,758 em 2020, passaram para 9.447 no período pesquisado.

Os dados também apontam para desmatamento ilegal (18,8 mil casos), despejos judiciais – recurso usado por muitos invasores (764 casos), destruição de casas como forma de ameaça (1.458 casos), destruição de pertences (4.133 casos), 25.302 registros de grilagem, com aumento de 119% em relação a 2020, entre outros.

— Os grupos mais violentos costumam ser os grileiros de terra e os garimpeiros. A garimpagem clandestina tem aumentado muito no último ano, especialmente em áreas ianomâmis. Em Rondônia, de onde falo, então, tem sido muito claro o aumento da violência, com os madeireiros. Eles são capazes de matar até mulheres — contou Josep Iborra, coordenador de articulação da CPT na Amazônia.