Rio de Janeiro

Em quatro dias, mais de 1.200 toneladas de resíduos foram recolhidos em Petrópolis

Apenas nessa quinta-feira (24) foram retiradas 358 toneladas de areia e lama e 21 toneladas de galhadas e pedaços de troncos

Chuvas e tragédia em Petrópolis - Carl de Souza/ AFP

Após quatro dias de atuação, as equipes da Comlurb contabilizaram a remoção de 1.243 toneladas de resíduos em Petrópolis, com a presença de mais de 400 garis e 50 equipamentos. Apenas na quinta-feira (24) foram 379 toneladas de resíduos, sendo 358 toneladas de areia e lama, e 21 toneladas de galhadas e pedaços de troncos.

A mão de obra da operação conta com46 garis, que têm apoio de dez caminhões basculantes, uma pipa d'água, duas pás mecânicas e três veículos para ações de manejo arbóreo, sendo um com cesto aéreo para podas, um para remoção de galhadas e um para destoca do solo.

A companhia está desde domingo ajudando na limpeza das ruas após o forte temporal que assolou a Cidade Serrana na semana passada e que deixou centenas de mortos. O trabalho de limpeza de quinta-feira ficou concentrado na Rua Teresa e suas transversais, com varrição das ruas, raspagem e remoção de terra e lama, e lavagem hidráulica com água de reúso, e a equipe de manejo arbóreo voltou à Rua Barão do Rio Branco para finalizar o serviço de remoção de raizeiros, e recolhimento de galhadas e de pedaços de troncos.  

O trabalho realizado pela Comlurb tem recebido elogios por parte de moradores e comerciantes, como Marco Antônio Santos Castro, dono de um bar na Rua Teresa: "Agradecemos muito o esforço da Comlurb, que tem feito um trabalho maravilhoso por todos nós".

Na quarta-feira (23), o serviço foi feito na Rua Visconde de Souza Franco, no Centro, com a remoção de 214 toneladas de resíduos. A Comlurb já havia realizado serviços no domingo e na segunda-feira, nas ruas Teresa e Barão do Rio Branco. Nesses dois dias, foram removidas 650 toneladas de resíduos. O trabalho em Petrópolis foi um pedido do prefeito Eduardo Paes e liderado por Felipe Peixoto, coordenador de Cidade Inteligente da Prefeitura do Rio, que faz a interface com o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo.
 

Os trabalhadores da Comlurb também se emocionaram ao participar da operação especial de limpeza em Petrópolis, como o gari Diogo Martins, que tem 13 anos de Comlurb:

"Viemos ajudar a população de Petrópolis após essa tragédia, e está sendo bem legal para a gente realizar esse serviço aqui. Tenho visto que a população é muito unida, as pessoas se ajudam, e demonstram estar muito satisfeitas com a nossa presença. Isso se torna recompensador pra gente. Espero voltar aqui depois e ver tudo reconstruído O povo de Petrópolis merece que tudo volte ao normal o mais rápido possível".

Quem passa pelo BR-040, na altura do bairro Duarte da Silveira, observa uma fila enorme de caminhões. É um um terreno de mais de 100 mil metros quadrados que os rejeitos da Cidade Imperial estão sendo depositados. De acordo com um funcionário da prefeitura que atua recebendo os caminhões, até agora caminhões já descarregaram no local, desde o último sábado, mais de mil vezes.

"Vem material da Rua Teresa, do Alto da Serra, do Bairro Amazonas, de toda a cidade. Para se ter ideia, só ontem (quinta) recebemos mais de 240 caminhões", contou o profissional.

O caminhoneiro Adilson Leal, de 55 anos, diz que está na cidade desde a semana passada. Ele relata que, em média, faz de três a quatro viagens por dia.

"Desde terça dou de três a quatro viagens por dia. Esse caminhão pega até 30 toneladas de entulho. Não ficamos baseados em um ponto fixo. A gente anda por toda a cidade. Para mim, o pior local é o Morro da Oficina", destaca.

A área na BR-040 seria provisória. Especialistas afirmam que esses resíduos tem que ficar em um local específico e não pode ser removido posteriormente.

"É preciso ter um planejamento para esse lixo. Um local que não seja necessário o transbordo. Se esse material não estiver em um local final, poderá ter problemas futuramente", destaca Antônio José Teixeira Guerra, professor do departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Num primeiro momento a Prefeitura de Petrópolis queria armazenar o material recolhido em um terreno de 100 mil metros quadrados que fica no bairro Caititu. Neste espaço o município construiria prédios para vitimas da tragédia de 2011 na cidade. Mas o conjunto habitacional não saiu do papel. Na última semana, quem vive próximo do local descobriu que o espaço viraria depósito do que era encontrado nas ruas da cidade. A cidade nega. Entretanto o Ministério Público diz que a decisão do prefeito em não usar o imóvel só aconteceu após uma visita da promotoria.