Estrela internacional, maestro russo Valery Gergiev é vetado em NY por apoiar Putin
Concertos comandados por Valery Gergiev, e que aconteceriam neste fim de semana, foram cancelados pela prestigiada casa de shows Carnegie Hall
A prestigiada casa de shows Carnegie Hall, em Nova York, e a orquestra Filarmônica de Viena anunciaram, nessa quinta-feira (24), que o maestro russo Valery Gergiev, amigo e proeminente apoiador do presidente russo Vladimir Putin, não vai mais apresentar uma série de shows no local, nesta semana, em meio à crescente condenação internacional da guerra na Ucrânia.
Diretor-geral do famoso Teatro Mariinsky, em São Petersburgo, Gergiev iria reger a Filarmônica de Viena em três concertos de alto nível em Nova York a partir desta sexta-feira (25), todos com ingressos esgotados. O maestro, no entanto, está sob crescente escrutínio por causa de seu apoio a Putin, que ele conhece há três décadas e a quem defende repetidamente.
Nenhuma razão foi citada para a exclusão de Gergiev dos programas. Mas a extraordinária decisão, realizada de última hora, em substituir um maestro tido como uma estrela internacional reflete a rápida intensificação do alvoroço global acerca da invasão de tropas russas na Ucrânia.
Embora Gergiev não tenha falado publicamente sobre o ataque que se desenrola, ele apoiou os movimentos anteriores de Putin contra a Ucrânia, e sua aparição em Carnegie certamente geraria protestos.
O maestro foi alvo de manifestações semelhantes durante aparições anteriores em Nova York em meio a críticas à lei de Putin que proíbe "propaganda de relacionamentos sexuais não tradicionais", algo visto como um esforço para reprimir o movimento pelos direitos gays na Rússia.
Representantes do Carnegie Hall e da Filarmônica também anunciaram que o pianista russo Denis Matsuev, programado para se apresentar com Gergiev e a orquestra, não comparecerá igualmente ao concerto. Matsue, como se sabe, também é um antigo apoiador de Putin. Em 2014, o pianista expressou apoio à anexação da Crimeia.
Gergiev será substituído, nos três concertos do Carnegie Hall, por Yannick Nézet-Séguin, que, a partir da próxima segunda-feira (28), rege uma nova produção de "Don Carlos", de Verdi, no Metropolitan Opera, onde é diretor musical.