Alta

Preços do petróleo voltam a disparar após sanções contra Rússia

O barril do Brent atingiu 107,57 dólares durante o pregão em Londres, pela primeira vez desde julho de 2014

Plataforma de petróleo - Karim Jaafar/AFP

Os preços dos dois barris de referência para o petróleo no mundo dispararam, nesta terça-feira (1º), situando-se acima dos 100 dólares, no momento em que as sanções pela invasão à Ucrânia já afetam as exportações russas do produto.

O barril do Brent atingiu 107,57 dólares durante o pregão em Londres, pela primeira vez desde julho de 2014, enquanto o WTI subiu a 106,78 dólares, máxima desde junho de 2014.

Nada pôde deter a alta, nem mesmo o anúncio da Agência Internacional de Energia, que liberou ao mercado 60 milhões de barris das reservas de seus países-membros para tentar estabilizar os preços.  Segundo a Agência de Informação sobre Energia dos Estados Unidos (EIA), 97 milhõe de barris diários de petróleo bruto e produtos petrolíferos foram consumidos no mundo em 2021.

O barril do Brent para entrega em maio fechou em alta de 7,14%, a US$ 104,97, enquanto o barril do WTI para entrega em abril ficou em US$ 103,41, alta de 8,03%, após subir mais de 11% durante o dia.

"Enquanto a situação se intensifica na Ucrânia, os preços continuarão subindo, porque aumenta a probabilidade de que as exportações russas sejam sancionadas e se tornem inacessíveis", explicou John Kilduff, da Again Capital.

A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo e representa 40% das importações anuais de gás natural da União Europeia. "As sanções diretas às exportações de petróleo e gás da Rússia são uma questão de tempo, e não de probabilidade", afirmou Neil Wilson, analista do Markets.com.

Isolar Moscou 

Segundo muitos operadores, as exportações russas de petróleo já estão sob pressão. "Alguns dos operadores com quem negocio tentam vender petróleo russo a preços muito baixos, mas ninguém quer", indicou John Kilduff.

"O mundo dos negócios constrói uma fortaleza para isolar a Rússia da comunidade internacional", apontou Susannah Streeter, analista da Hargreaves Lansdown. Empresas de todo o mundo respondem à Rússia "congelando as transações com Moscou e abandonando investimentos que valem bilhões", ressaltou.

A francesa TotalEnergies anunciou, nesta terça-feira (1º), que "não investirá mais capital em novos projetos na Rússia". A transportadora francesa CMA CGM anunciou a suspensão de novos pedidos envolvendo os portos russos, seguindo suas principais concorrentes, Maersk e MSC.

Isso poderia gerar "uma perturbação nos envios provenientes da Rússia, com cancelamentos de reservas de carga". Em consequência, provocaria um aumento dos preços da energia "a curto prazo, sem que a Rússia feche a torneira", ressaltou Susannah.

Os países ocidentais também excluíram grandes bancos russos da plataforma interbancária Swift. Uma parte considerável do transporte marítimo de petróleo é financiada a crédito.

Moscou prepara um decreto para tentar conter o sangramento de investimentos estrangeiros. "O temor de que a Rússia responda usando suas exportações de energia como arma mantém os preços do petróleo e do gás elevados", explicou Susannah.