Racismo

Filho de Mussum denuncia racismo em estacionamento de shopping no Rio de Janeiro

Igor Palhano diz que foi barrado ao tentar deixar o lugar e que, mesmo após apresentar documentos dele e da motocicleta, não foi liberado por seguranças. 'Foi muito humilhante', afirma o dentista

Divulgação

Filho do humorista Mussum, o dentista Igor Palhano, de 30 anos, usou o seu perfil no Instagram nesta quinta-feira (3) para denunciar que foi vítima de racismo dentro de um shopping da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Ele diz que na noite de quarta-feira (2) foi impedido por seguranças do ParkJacarepaguá de deixar o shopping com sua moto, uma CBR vermelha. Na saída do estacionamento, afirma o dentista, um segurança não quis abrir a cancela para ele. Após se comunicar com outros seguranças, o funcionário pediu que Igor apresentasse documento da moto e habilitação. Mesmo estranhando a situação, o dentista mostrou a documentação, mas não foi liberado. A única justificava dada ao dentista foi "por questões de segurança".

"Parei com minha moto e perguntei ao segurança onde era a saída para motos. Ele disse 'espera, que vou abrir a cancela para você'. Fiquei parado de cinco a oito minutos. Ele interfonou para alguém, passou a placa da moto e veio me pedir documento e habilitação. Eu respondi: 'mas por que? Você acha que a moto é roubada, é isso?' Ele respondeu apenas 'por questão de segurança'", afirmou o dentista, por telefone, ao GLOBO.

"Abri minha mochila, mostrei documento e habilitação, ele ficou calado e, depois de um minuto, disse que eu não estava liberado, não podia sair. Respondi: 'não estou gostando disso, preciso reclamar na administração'", seguiu.

O caso ocorreu pouco antes das 22h. Quando Igor chegou à sala de atendimento ao cliente, ela já estava fechada. Antes de retornar ao estacionamento, parou num dos corredores para carregar, numa tomada, a bateria do celular e avisar à mulher sua demora para sair do ParkJacarepaguá. Ele tinha acabado de fazer um passeio com a mulher e a sogra pelo shopping, onde foram a uma loja trocar peças de roupas e jantar. As duas foram emborra de carro, e ele acabou ficando para trás. No corredor, ele diz que foi abordado por mais um segurança, que sabia do caso.

"Falei que não estavam querendo me deixar sair, e ele avisou que era para eu descer que iriam me liberar. O segurança era negro, e eu disse a ele: 'se fosse branco, já teriam me liberado'. E ele concordou, dizendo 'com certeza, já'", afirma Igor, acrescentando que encontrou na volta um grupo de cinco seguranças ao redor da sua moto e que só foi liberado para deixar o shopping escoltado por um deles numa motocicleta.

"Eu disse que o que eles estavam fazendo era errado e muito grave, porque em momento algum ofereci risco para alguém ali. Fui impedido de sair só porque sou preto e tenho uma moto vermelha. Se fosse branco, isso não aconteceria", acrescentou.

Igor gravou com o celular o momento em que deixava o shopping e depois sendo escoltado. Toda a situação vivida por ele teria levado cerca de 30 minutos.

"Foi muito humilhante. Mas tenho certeza que as câmeras pegaram todo o meu trajeto, minha tentativa de sair. Amanhã farei o registro de ocorrência. Daqui a pouco vão fazer uma saída no shopping só para motocicletas pilotadas por negros", adiantou ele, que relata já ter sido alvo de racismo na própria família e no trabalho, mas que nunca havia ficado tão abalado. 

No Instagram, a postagem do dentista já contava nesta noite com mais de 250 comentários.

Em nota, o  ParkJacarepaguá divulgou que apura o caso internamente. "A empresa esclarece ainda que repudia qualquer tipo de discriminação", informou.