RIO DE JANEIRO

Rumo a um novo começo, primeiras famílias começam a deixar abrigos em Petrópolis

A prefeitura de Petrópolis informou que tem um grupo de trabalho atuando na busca de imóveis para os desabrigados cadastrados no programa

Governo do Rio de Janeiro iniciou as sondagens e topografia de sete pontos em Petrópolis que receberão as primeiras obras emergenciais - Fernando Frazão/Agência Brasil

Nesta quinta-feira (3), a dona de casa Leila Miranda acordou animada e disposta. Queria fazer uma faxina caprichada na sala de aula no Colégio Estadual Rui Barbosa, que serviu de abrigo para ela e sua família nas últimas duas semanas. A limpeza seria uma espécie de agradecimento e despedida, já que no dia seguinte, ela se mudaria para a casa que alugou na região da Quitandinha após receber o benefício do Aluguel Social, no valor de R $1.000, destinado às vítimas da tragédia das chuvas na cidade.

Leila é uma dos 1117 desabrigados após o temporal do dia 15, que também deixou 232 mortos e ainda tem cinco pessoas desaparecidas. Moradora do Morro da Oficina, onde foi registrado o pior dos deslizamentos durante a chuva, ela teve a casa destruída e, por pouco, escapou com vida. Agradecida, ela quer deixar os momentos de terror para trás e começar tudo de novo.

— Aquele dia foi horrível. Nunca vi tanta água, parecia que tinham ligado um lava jato de carro em cima da gente. A água caía com força. Saímos de casa pouco antes de cair tudo e nos abrigamos aqui — contou. — Não tenho do que reclamar, tivemos apoio e diante da destruição na cidade, foi uma benção ter esse espaço.

Querendo chegar bem na casa onde irá morar a partir desta sexta-feira, Leila escolhia roupas no posto de doação montado próximo ao Morro da Oficina. Como deixou quase tudo que tinha para trás, ela também selecionou trajes para os familiares.
 

— Perdi muita coisa. Saí com pouca coisa e não quis voltar para procurar mais nada porque ficou tudo embaixo da terra. Vou fazer uma faxina para deixar a sala limpa, pois fomos bem acolhidos e amanhã é o dia do recomeço. O que perdemos a gente dá um jeito de ganhar de novo — completou.

Enquanto uns estavam aliviados, outros desabrigados vivem a expectativa do recebimento do Aluguel Social. Depois de deixar a casa própria no BNH, que foi condenada pela Defesa Civil, a doméstica Jacqueline Furtado espera ter o benefício liberado em breve para arrumar um novo teto para ela e os três filhos.

— Como cheguei depois da maioria, ainda estou na fila de espera, mas estou vendo as pessoas recebendo e se mudando, então tenho esperança de que logo seja minha vez — disse.

A prefeitura de Petrópolis informou que tem um grupo de trabalho atuando na busca de imóveis para os desabrigados cadastrados no programa. Também foi criado um banco de dados para proprietários cadastrarem seus imóveis para as vítimas da chuva.

O governo municipal pretende conceder isenção de IPTU para as residências incluídas e também solicitar isenção das taxas de religamento de luz e água, sendo esta última, demanda já atendida pela concessionária de água e esgoto do município.