Economia

Empresas de tecnologia apostam em soluções 5G para carros

Sony quer fabricar veículos, e Qualcom vai conectá-los a dados na nuvem

Sony anuncia seus planos para fabricar carros - Divulgação

Quem circula pelos corredores do Mobile Word Congress, o maior evento de telecomunicações do mundo que acontece esta semana em Barcelona de forma presencial, percebe o interesse das empresas de tecnologia em ganhar espaço no setor automobilístico com o avanço do 5G, rede que vai permitir ultravelocidade de conexão móvel, de até cem vez maior que o 4G atual.

Mobile World Congress:  Depois do 'live commerce', 5G vai impulsionar o 'TV commerce' A lista é grande. A Sony já anunciou seus planos para fabricar carros. Qualcomm e Intel estão ampliando seus esforços e até criando unidades para reforçar a atuação no setor.



Além disso, Huawei e Samsung se debruçam no desenvolvimento de soluções para conectar carros e permitir que os automóveis operem de forma remota e integrados com outros aparelhos. Em comum, todas as companhias vêm buscando parcerias com as montadoras tradicionais. Novo estudo apresentado pela consultoria Accenture no evento revelou que 60% de todos os carros novos sejam equipados com recursos de direção semiautônoma (como dirigir em autoestrada e estacionar) já em 2030.

Segundo a Qualcomm, em 2021, as receitas de vendas de veículos na indústria automotiva atingiram US$ 2,7 trilhões e devem crescer cerca de 4% na próxima década. Por isso, diz Carlos Boechat, diretor da Accenture Industry X, há uma corrida para desenvolver tecnologia com padrões que serão seguidos nos próximos anos.

— Com o mercado de veículos conectados em expansão, a tendência é que as montadoras se concentrem em desenvolver carros que já saiam de fábrica com algum tipo de conexão. Os fornecedores de chipsets e equipamentos móveis não somente são demandados por novos produtos e serviços como também entendem a evolução de um novo nicho atrativo de mercado alinhado à tendência global de que tudo que se conecta à rede — explicou Boechat.

Mas, por outro lado, ainda é preciso mais avanço da própria rede 5G e em novas tecnologias para  permitir automóveis autônomos. Hoje, ressalta o estudo da Accenture, o algoritmo não consegue distinguir entre um sinal de trânsito real e um que os humanos podem dizer que é obviamente manipulado.

— Em carros conectados, não estamos falando de um serviço hotspot, indoor ou limitado a um espaço determinado. A necessidade de uma cobertura de conectividade e serviços de forma ampla, confiável e segura traz em si desafios que abrangem a própria implantação 5G em larga escala, estendendo a conectividade para regiões ou cidades que tenham baixa atratividade de receitas — disse Fernando Lopes, gerente-sênior de Tecnologia de Redes da Accenture Brasil.

A Qualcomm, por exemplo, tem uma carteira de contratos de US$ 13 bilhões com 25 montadoras e anunciou essa semana  colaboração com a Stellantis (dona da Fiat Chrysler e PSA Group). A companhia  revelou ainda soluções para reforçar sua plataforma chamada de "chassi digital" que vai permitir a transmissão de dados em redes Wi-Fi de ultravelocidade com análise de dados em tempo real, conectando carros na nuvem.

— As montadoras precisam de soluções abrangentes e conectadas para impulsionar os veículos do século XXI. Com essas novas soluções, estamos confiantes de que a indústria automotiva será capaz de oferecer  experiências de direção inigualáveis — afirmou Nakul Duggal, vice-presidente sênior para o setor automotivo da Qualcomm Technologies.