Eleições 2022

Resistência de Otto Alencar trava definição do candidato de Lula na Bahia

Impasse começou após Jaques Wagner anunciar desistência; ex-presidente já havia concordado com troca por senador do PSD

Senador Otto Alencar (PSD-BA) - Jefferson Rudy/Agência Senado

A resistência do senador Otto Alencar (PSD) em aceitar concorrer ao governo do estado tem travado a definição do candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Bahia. O impasse se estabeleceu depois que o também senador Jaques Wagner (PT), que havia sido lançado pré-candidato no ano passado, anunciou a sua desistência, na última segunda-feira.

Antes de Wagner oficializar a saída da corrida estadual, Otto chegou a admitir em conversas internas na semana passada a possibilidade de concorrer a governador. Lula também havia indicado o aval para a troca. Porém, nos últimos dias, o senador do PSD mudou de posição.

Pesaram para isso a pressão do PT local para ter um nome do partido na disputa pelo governo e os apelos do comando nacional do PSD para que ele mantenha o seu projeto inicial de concorrer a um novo mandato de senador.

Na noite de quinta-feira, Otto, Wagner e o governador Rui Costa (PT) se reuniram para discutir a questão. A expectativa era que o senador do PSD aceitasse entrar na disputa pelo governo. Nesse arranjo, Costa renunciaria ao mandato até o dia 2 de abril para disputar o Senado. O PP, outro partido da aliança, seria contemplado porque o vice-governador João Leão assumiria o comando do estado por nove meses.

Mas Otto apresentou aos dois petistas a sua intenção de concorrer à reeleição. A resistência do senador do PSD aumentou a pressão do PT local para que o atual secretário de Educação,  Jerônimo Rodrigues, seja o candidato a governador. Otto concorreria à reeleição, Rui ficaria no governo até o fim do mandato, e o PP indicaria novamente o vice da chapa.
 

"Tem uma parte do PT que defende candidatura própria e outra que defende apoiar Otto. O quadro está mais difícil porque Otto quer continuar como senador. Minha posição é que nós temos que trabalhar para ter candidatura própria", afirma o deputado federal Valmir Assunção (PT).

A definição da chapa na Bahia deve passar agora pelo crivo de Lula, que está no México e retorna ao Brasil durante o fim de semana. O palanque do petista no quarto estado do país com mais eleitores era considerado um problema resolvido, mas a desistência de Wagner abriu uma crise para o ex-presidente resolver.

O senador petista ainda tem quatro anos de mandato e, aos 70 anos, alega questões pessoais para não querer voltar ao posto que ocupou entre 2007 e 2014. O PT governa a Bahia há 16 anos. Foram dois mandatos de Wagner e dois de Costa. O principal adversário do partido na eleição baiana deste ano será o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), apontado pelas pesquisas como favorito. 

Otto Alencar foi aliado de Antonio Carlos Magalhães, o avô de ACM Neto, e só se afastou do carlismo quando ocupou o posto de vice no segundo mandato de Jaques Wagner como governador (2011-2014).