Coreia do Norte dispara míssil balístico antes das eleições sul-coreanas
O ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi, confirmou o lançamento e informou que o míssil voou a uma altura máxima de 550 km, percorrendo 300 km
A Coreia do Norte disparou neste sábado (5) um suposto míssil balístico, um novo teste armamentista de uma série de lançamentos de projéteis desde o início do ano ano, poucos dias antes das eleições presidenciais sul-coreanas.
As Forças Armadas da Coreia do Sul afirmaram que detectaram um suposto "míssil balístico disparado em direção ao Mar do Leste a partir da região (norte-coreana) de Sunan".
O Conselho de Segurança Nacional sul-coreano condenou em um comunicado o "lançamento contínuo sem precedentes de mísseis balísticos" por parte do Norte, que chamou de contrário à paz na península coreana.
A nota afirma que o Sul "vai monitorar de maneira ainda mais rigorosa as instalações nucleares e de mísseis da Coreia do Norte, como Yongbon e Punggye-re".
O ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi, também confirmou o lançamento e informou que o míssil voou a uma altura máxima de 550 km, percorrendo 300 km.
Pyongyang realizou sete testes de armas em janeiro, um número sem precedentes, incluindo seu míssil mais poderoso desde 2017, quando o líder Kim Jong Un provocou o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com uma série de lançamentos.
Desde então, a diplomacia estagnou e, apesar das duras sanções internacionais, Pyongyang insiste no fortalecimento de sua capacidade militar.
Em janeiro, a Coreia do Norte ameaçou abandonar sua moratória autoimposta em testes de armas nucleares e de longo alcance.
Além disso, na segunda-feira, afirmou ter realizado um teste de "grande importância" para o desenvolvimento de um satélite de reconhecimento, um dia depois que Seul revelou que havia detectado um lançamento de míssil balístico.
- Eleições sul-coreanas -
O teste mais recente do Norte acontece em um momento delicado para a região, quando o Sul se prepara para as eleições presidenciais da próxima quarta-feira, que definirão o sucessor de Moon Jae-in.
Um dos favoritos, o ex-presidente Yoon Suk-yeol do Partido do Poder Popular, ameaçou ordenar ataques preventivos contra o vizinho do Norte em caso de necessidade.
"Parece que Kim sente que Moon não fez muito desde o colapso da reunião de cúpula de Hanói", afirmou o analista Ahn Chan-il, professor de Estudos Norte-Coreanos, em referência à reunião entre Kim e Trump que não deu resultados.
Analistas apontaram que Pyongyang buscaria capitalizar a distração do governo dos Estados Unidos com a invasão russa da Ucrânia para realizar mais testes.
A Coreia do Norte acusou os EUA em fevereiro de serem "a causa raiz da crise ucraniana", apontando em um comunicado que Washington "se intromete" nos assuntos internos de outros países quando é conveniente, ao mesmo tempo em que condena as legítimas "medidas de autodefesa" de outros.
"Com os testes, a Coreia do Norte parece dizer que é diferente da Ucrânia e recorda ao mundo que possui o próprio sistema de armas nucleares", comentou Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos.
O governo do presidente Joe Biden expressou disposição a reunir-se com representantes norte-coreanos, uma oferta ignorada por Pyongyang.
Analistas acreditam que a Coreia do Norte pode usar sua próxima data festiva, que celebrará o aniversário de 110 anos do nascimento do fundador do país, Kim Il Sung, em 15 de abril, para organizar um grande teste armamentista.
Imagens de satélite recentes analisadas pelo site especializado 38 Norte sugerem que o país poderia estar preparando um desfile militar para exibir suas armas como parte da celebração.