Arthur do Val é alvo de 12 representações na Alesp por falas sexistas; entenda o que acontece agora
Apenas um dos pedidos foi assinado por 17 dos 81 deputados. Tendência é que pedidos sejam unificados mais adiante
No primeiro dia útil após o vazamento dos áudios sexistas de Arthur do Val (Podemos), representações contra o deputado começaram a empilhar a espera de apreciação do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Nesta segunda-feira, 12 representações chegaram às mãos de Maria Lúcia Amary (PSDB), presidente da comissão, e o número crescia a cada hora ao longo da tarde. Um dos pedidos contém a assinatura de 17 deputados, de cinco partidos diferentes, da esquerda à direita.
Assim que todas as ações forem autuadas, elas serão enviadas aos deputados e, uma vez intimado, Do Val terá cinco dias corridos para apresentar a defesa prévia. Então, Amary deve convocar uma reunião para unificar os pedidos num único documento e dar prosseguimento ao caso. Se a admissibilidade da ação for aprovada, ela deve nomear um relator, que terá até 15 dias para apresentar seu parecer, a ser votado pelo colegiado.
Na última sexta-feira, vazaram na internet áudios em que Do Val diz que as mulheres da Ucrânia "são fáceis porque são pobres". Ele viajou ao país do Leste europeu para, segundo ele, ajudar na resistência contra a invasão russa. A atitude foi repudiada por dezenas de políticos e organizações da sociedade civil, o que pressionará o Conselho de Ética da Alesp a se posicionar logo.
Amary diz ter recebido no fim de semana diversos telefonemas de colegas "preocupados" com a repercussão do caso e pedindo "resposta rápida" da Casa para puni-lo. Segundo ela, além da indignação com os comentários sexistas, há receio de que a viagem do parlamentar, feita por conta própria, seja confundida como algum tipo de ação humanitária empreendido pela Assembleia.
A tucana considera o caso de Do Val ainda mais grave do que o de Fernando Cury, flagrado apalpando o seio da colega Isa Penna (PSOL). O deputado foi expulso do Cidadania e punido com uma suspensão de 180 dias no ano passado — após uma articulação de deputados homens quase tê-lo livrado de perder o financiamento de seu gabinete.
O Podemos anunciou nesta segunda que vai abrir um procedimento disciplinar contra Do Val. No fim de semana, o deputado retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo pela sigla. "Faço isso por entender que nesse momento delicado da política nacional é necessário preservar o trabalho árduo de todos aqueles que se dedicam na construção de uma terceira via", afirmou o parlamentar em comunicado oficial.
À GloboNews na manhã desta segunda, o presidente da Alesp, Carlão Pignatari (PSDB), diz esperar que a comissão de ética aplique uma "medida muito enérgica" contra Do Val.