Mercado de trabalho: conheça histórias de mulheres que sustentam o lar
Segundo levantamento da Consultoria IDados, realizado com base nos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é crescente a quantidade de mulheres que chefiam lares brasileiros
A mulher vem se fazendo cada vez mais presente e ativa no mercado de trabalho. Segundo levantamento da Consultoria IDados, realizado com base nos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é crescente a quantidade de mulheres que chefiam lares brasileiros. Em 2021, este número alcançou os 34,4 milhões, o que significa que quase metade das famílias são sustentadas por mulheres.
Um grande exemplo de luta é Leda de Araújo, 35 anos. Residente de Paulista, ela trabalha em uma padaria no Recife Antigo e sustenta o seu lar, que é composto por seu irmão (que é uma pessoa com deficiência) e sua mãe. Leda também é dona de casa e cuida da família, bem como de si mesma. Ela é técnica em radiologia, mas não encontrou emprego na área e começou a trabalhar na padaria em 2012.
Responsabilidade ainda maior
“Minha mãe adoeceu há três anos e meu irmão é deficiente desde a infância. Isso requer uma responsabilidade a mais da minha parte, mas eu trabalho, sou dona de casa e cuido deles”, explica Leda. “Também cuido de mim. Faço parte do motoclube feminino ‘Mulheres no Asfalto’, em que sou diretora social. No dia 13, faremos um passeio motociclístico em homenagem ao dia da mulher. Nossa comunidade visa tirar o medo do trânsito que mulheres têm, pois é um ambiente muito machista”, encerra.
Outro exemplo é Andreza Maria, de 31 anos. Mãe de uma menina de cinco anos e grávida de seis meses, ela trabalha como supervisora e atendente de loja. Atualmente, Andreza sustenta o seu lar em Campo Grande. Seu marido está desempregado há um mês. “Somos eu, minha filha, minha mãe e meu marido. Fomos morar com a minha mãe para ajudá-la e sair do aluguel. Eu e meu marido normalmente dividimos todas as despesas, mas atualmente ele está desempregado. Então sou só eu”, explica.
Elisangela Meneses também sustenta a casa. Com 46 anos, ela é tapioqueira no Marco Zero e sustenta, com o marido, as filhas. “Trabalho com tapioca há 8 anos. Meu esposo também vende outras coisas para ajudar e nossas filhas ajudam no comércio”, comenta Elisangela. Apesar das dificuldades de encontrar espaço no mercado e sustentar a família, ela deixa uma mensagem para todas as mulheres trabalhadoras: “Não desistam. Pela família, nós fazemos de tudo”.
De olho na capacitação
Com cada vez mais mulheres assumindo o papel de provedoras, surgem organizações investem na capacitação e na educação financeira delas. Um exemplo é o Programa Mulheres Empreendedoras, que é do Governo de Pernambuco e realizado pela Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE), lançado pela primeira vez em 2021.
Este programa destina, em sua primeira etapa, R$ 76 mil a mulheres do ramo de confecções, produção de cortinas, salão de beleza e artesanato em barro. O acesso ao crédito é oferecido junto à oportunidade de participar de uma capacitação em gestão, que é oferecida pela Secretaria da Mulher de Pernambuco (SecMulher-PE). No curso, políticas públicas para mulheres, empreendedorismo feminino e formalização e gestão do negócio são abordados. As mulheres interessadas devem apresentar CNPJ.
“Sabemos que a autonomia financeira é condição necessária para a emancipação das mulheres, então compreendemos que o alcance desta política pública tem uma proporção maior que o aspecto econômico e abrange outras questões de cunho social, político e na individualidade e subjetividade da mulher”, comemorou a vice-governadora Luciana Santos.
Ambiente de trabalho
A luta das mulheres pelos seus direitos sempre ocorreu de forma lenta, assim como foi com o voto, acesso à educação e ao trabalho. Atualmente, muitas mulheres ainda recebem tratamento diferente no ambiente de trabalho simplesmente por serem mulheres.
O denominador comum que explica os obstáculos que as mulheres enfrentam sempre foi e continua sendo o machismo, enraizado na sociedade patriarcal, segundo especialistas. O advogado trabalhista e professor de direito do trabalho da Uninassau, Paulo Rodrigo, explica que, por lei, pessoas que ocupam o mesmo cargo e realizam o mesmo trabalho devem receber o mesmo salário, independente do gênero.
Porém, na prática isso nem sempre é visto. “Hoje, em torno de 25% de mulheres brasileiras recebem menos que homens, ocupando o mesmo cargo e desempenhando a mesma função. Na escala global, esse número fica em 16%”, diz Paulo.
O advogado ainda fala que caso a mulher se sinta injustiçada ou discriminada no ambiente de trabalho, ela pode e deve procurar a ouvidoria da empresa, o supervisor imediato e até acionar o Ministério Público do Trabalho. Se necessário, ela pode ingressar judicialmente e buscar justiça. “É importante que a denúncia seja feita, porque isso é um passo a mais para acabar com a discriminação existente no cenário do trabalho”, conclui.