Em carta a deputados, Arthur do Val diz que punição é justa, mas cassação de mandato é "excessiva"
Deputado, que é alvo de 16 representações na Assembleia Legislativa de São Paulo, disse que não irá mais se candidatar ao cargo nas próximas eleições
Em carta enviada aos deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta terça-feira (8), o deputado Arthur do Val (sem partido) disse que é "justo e necessário" haver uma punição por suas falas machistas, mas afirmou que a cassação, como pedem os deputados, é "excessiva". Mais cedo, o Podemos aceitou a desfiliação do parlamentar.
"Assumo e entendo a necessidade desta Casa em aplicar-me uma punição. É justo e necessário. Entretanto, peço encarecidamente que considere a ausência de dolo e de dano a terceiros na dosimetria da pena", escreveu. "Se de um lado a punição é necessária, de outro, a cassação se faz excessiva", completou Do Val, que é alvo de 16 representações no Conselho de Ética da Assembleia que pedem a cassação de seu mandato.
O parlamentar disse ainda que não irá mais concorrer ao cargo de deputado, sendo este o seu último mandato. Em 2018, ele teve 478.280 votos e foi o segundo mais votado da Alesp, atrás apenas de Janaína Paschoal (PSL).
Na última sexta-feira, o deputado teve um áudio de conteúdo machista vazado na internet. Na gravação, ele diz que mulheres refugiadas são "fáceis porque são pobres”. Na carta aos colegas da Alesp, Do Val admite ter sido "machista".
"Errei, errei feio. Fui machista de fato, desrespeitoso e imaturo. Produzi uma peça que vai me envergonhar pelo resto da minha vida. Tanto publica quanto particularmente."
Nesta terça-feira, o Podemos aceitou um pedido de desfiliação de Do Val, que já havia retirado a sua pré-candidatura ao governo de São Paulo. O deputado estava filiado ao partido há cerca de um mês. Do Val também anunciou a saída do Movimento Brasil Livre (MBL), sob a justificativa de não querer que as pessoas sofram as consequências de um erro que foi seu.